sábado, 21 de maio de 2022

O vício da interpretação literal

O transeunte, o descrente, o ateu (especialmente os militantes) é muito parecido com o (louco) pregador cristão que empesteia a praça pública. Ele também tem o vício da interpretação literal. Eu devo ter escrito algo sobre essa citação descontextualizada cometida pelos ateus para (como os cristãos) sustentarem seus argumentos.

Eu encontrei um belo texto que refuta a alegação do descrente que existia ateísmo na Grécia Antiga. Eu acho que me dei o trabalho de descascar o erro grosseiro de citar o texto de Cícero como exemplo de ateísmo na Era Antiga. Para o deleite de todos, eu fiz a melhor referência ao citar as obras de Luciano Samósata. Então eu (acho que) sei do que estou falando.

Como apreciador de história e dos pensadores, eu quero expor hoje o "Evemerismo", pensamento atribuído a Evêmero, um hermeneuta da Sicília que viveu entre 330 AC e 250 AC.

A hermenêutica é a filosofia que estuda a teoria da interpretação. A Evêmero é atribuída a ideia na qual os Deuses não são mais que personagens históricos de um passado obscuro, amplificados por uma tradição fantasiosa e lendária (apud, Wikipédia). Esse seria, supostamente, o conteúdo da sua obra, "Hiera Anagrafe", mas o que se sabe sobre a obra e seu autor vem de fontes secundárias, através de outras obras, de outros pensadores, por comentários.

Atribuí-se a Pródico, um sofista, ideia semelhante, por causa do naturalismo presente em sua filosofia, mas como Evêmero, o que se sabe sobre o autor e suas obras vem de fontes secundárias. Eu vou poupar o leitor da delicada identidade da Escola Sofista com sofisma, visto como um termo pejorativo similar à falácia.

Ainda assim, isso é filosofia, grosseiramente, a "opinião" do autor diante de um assunto, algo subjetivo, não pode ser considerado fato ou evidência. Ainda assim, Evêmero concebeu os Deuses como personagens históricos, portanto, existentes, em algum ponto do espaço-tempo fenômenico. Se a ideia de um pensador antigo consiste em evidência da inexistência dos Deuses, as demais ideias de pensadores antigos devem consistir em evidência da existência dos Deuses. Portanto, não deveria ser usado como sustentação de um argumento (ou alegação) sobre a inexistência dos Deuses (ou sobre a "superioridade" do Deus Cristão).

Como diz o ditado, texto sem contexto gera um pretexto.
A prática de citar fora de contexto é uma falácia informal e um tipo de falsa atribuição em que uma passagem é removida da sua matéria circundante de tal forma a distorcer o significado pretendido.
Em ambos os casos, quanto a citar uma pessoa fora do contexto, o ato pode ser feito intencionalmente para avançar uma agenda ou ganhar um argumento, também é possível remover o contexto essencial sem o objetivo de enganar, por não perceber uma mudança no significado ou implicação que pode resultar em citar o que é percebido como o cerne essencial de uma afirmação.(apud, Wikipédia)

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