sexta-feira, 12 de novembro de 2021

A jogada do Cristianismo

Quando eu estava procurando o caminho de volta para meu verdadeiro lar, família e mundo, eu li e estudei tudo que eu pude encontrar, inclusive a [pueril] filosofia de Anton Szandor Lavey.

Ali, nas Nove Declarações, ele afirma:

“Satã é o melhor amigo que a igreja jamais teve, pois é graças a ele que ela se manteve funcionando por todos esses anos!”

Oh, bem, mas teórica, técnica e filosoficamente, o Satanismo Laveyano se declara ateu, ou seja, não acredita nem no Deus Bíblico nem em Satã, o que é curioso, considerando a forma como este personagem tragicômico é tratado pela CoS. Toda a filosofia dessa paródia religiosa que foi levada muito a sério perde todo o sentido. O Cristianismo e a Igreja Cristã [em suas várias vertentes] não seria essa multinacional apenas graças ao seu “garoto propaganda”.

Então, se formos pensar no Cristianismo como uma empresa, qual foi a jogada que esse empreendimento fez para se tornar uma religião majoritária?

Eu digo que o Cristianismo foi um culto fundado por escravos, servos, fracos e covardes. Embora seja uma verdade, isso não explica tudo.

O principal “produto” [patrocinador?] do Cristianismo é o pecado. Sem o peso do medo, da culpa e do castigo eterno aplicado por esse Deus violento, ciumento e vingativo, praticamente o Cristianismo teria permanecido como uma seita excêntrica.

Mas o pecado e seu peso não são suficientes para explicar tudo. Sobretudo se levarmos em conta que nas religiões antigas pode ser encontrada essa noção de oferendas e sacrifícios para aplacar a ira divina.

A jogada do Cristianismo foi a de inventar o perdão por procuração, algo impensável nas religiões antigas – nestas, o penitente tinha que fazer pessoalmente o rito de purificação e isso, dependendo do erro cometido, custava caro. Os padres convenceram as pessoas que não precisavam mais fazer sacrifícios, bastava simplesmente aceitar a Cristo.

Na propaganda religiosa, Cristo foi o sacrifício perfeito que aboliu todos os demais sacrifícios. Pessoas comuns não estão muito acostumadas a pensar, senão, com um pequeno raciocínio, teriam concluído que, se o sacrifício de Cristo tivesse sido perfeito, o pecado tinha deixado de existir, desonerando a necessidade de aceitar a Cristo.

Ainda assim, não é o suficiente. Além do pecado, o Cristianismo deve muito de sua expansão ao proselitismo religioso. As pessoas são “atraídas” para Cristo, na maioria dos casos, pela ação do proselitismo. Uma jogada do Cristianismo é a obrigação do cristão em ser um missionário e espalhar a Boa Nova pelo mundo. Lembre-se disso quando você for incomodado de manhã cedo com gente querendo te vender a salvação.

As pessoas se convertem para o Cristianismo geralmente quando estão com medo, em desespero, cheios de culpas e vergonhas. A propaganda religiosa, o proselitismo religioso do Cristianismo, sabe detectar e explorar o medo das pessoas. Não é mero acaso que o Cristianismo cresce mais em lugares onde existe muita pobreza e miséria, física, econômica, social e cultural. A vitrine do Cristianismo são as obras filantrópicas, ações pontuais na população mais carente e abandonada pela sociedade. Isso não visa capacitar essas pessoas a serem capazes de andar com as próprias pernas. O Cristianismo precisa e depende da existência da pobreza e da miséria. Pessoas em situação precária estão mais dispostas a assimilar aquilo que lhe é sugerido e se tornam “soldados” [muitas vezes literalmente] do Cristianismo.

O antissemitismo que causou o Holocausto conduzido pelo Nazismo tem sua origem no Cristianismo. Este também criou e fomentou o pânico moral em relação às heresias e às bruxas, com terríveis resultados. Pode-se dizer que o nacionalismo, o racismo e a xenofobia são também “produtos” criados e fomentados pelo Cristianismo para sua expansão mundial.

Atualmente o Cristianismo escolheu a comunidade LGBT para ser o bode expiatório da vez. Os discursos alertando sobre o “perigo” da Ideologia de Gênero e da Agenda LGBT são modelos de discursos de ódio disfarçados de doutrina religiosa. Nenhuma crença pode ser usada para justificar o preconceito e a intolerância. Quando [e se] o Estado [que devia ser laico] age, geralmente os representantes do Cristianismo esbravejam que isso é “perseguição religiosa”. Essa é uma jogada muito usada pelo Cristianismo: o papel de vítima.

Outra jogada do Cristianismo consiste em vender uma falsa promessa. Se houvesse honestidade e sinceridade no Cristianismo, as pessoas veriam a incoerência em crer em um Cristo que não preenche os requisitos para tal e cuja missão está restrita ao Povo de Israel. Mesmo assim, as pessoas não buscam a Cristo por causa da falsa promessa. As pessoas não buscam Cristo para serem perdoadas de seus pecados, elas vão imbuídas pela vingança, pois acreditam que seus perseguidores, os ricos e os patrões, vão ser castigados no Juízo Final.

Acreditando fielmente que este mundo é dominado pelo maligno, que os “batizados” serão arrebatados ao Paraíso e que os Cristãos viverão no Reino de Deus, essas pessoas geralmente acolhem as ideologias do Conservadorismo, da Supremacia Branca e da Extrema-Direita. Se dispondo a combater, com armas, se necessário, tudo aquilo que for considerado uma ameaça. O Cristianismo se faz de perseguido para ser o perseguidor.

Como vírus pernicioso, o Cristianismo se expande pelo mundo, transformando seres humanos em zumbis direcionados pela doutrina que for mais lucrativa para seus padres, pastores e organizações religiosas.

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