sexta-feira, 25 de junho de 2021

Os divinos ancestrais

O culto aos mortos, antepassados e ancestrais está presente em diversas culturas, em diversos povos, em diversas épocas.

Para os objetivos desse blogue, eu vou focar na cultura e mitologia romana.
Eu devo ter citado os Lares e Penates. Caso não tenha um artigo falando nesses espíritos, por favor, avisem-me.

Existem outros espíritos com os quais é necessário ter alguma atenção.
Esses são os Genii [gênios], os Manes, os Lemures e os Larvae.

"Na mitologia romana, cada homem tinha um gênio e cada mulher uma juno (que também era o nome da rainha dos deuses).

Originalmente, o gênio/juno eram ancestrais que zelavam por seus descendentes. Com o passar do tempo, eles se transformaram em espíritos guardiães pessoais, concedendo intelecto e grande talento. Sacrifícios eram feitos para o gênio/juno de cada pessoa, na data do aniversário dela. [https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%AAnio_(mitologia_romana)]

"Os manes, na mitologia romana, eram as almas dos entes queridos falecidos. A sua veneração está relacionada com o culto aos antepassados. Como espíritos menores, estavam também relacionados com os lares, os gênios e com os penates. Eram honrados durante a celebração da Parentália e da Ferália, em fevereiro". [https://pt.wikipedia.org/wiki/Manes]

"A diferenciação entre manes, lêmures e larvae é bastante controversa dentro da religiosidade romana. De forma geral, os lêmures são definidos como tendo uma natureza hostil e os manes como bons espíritos. Porém, nos Fastos, Ovídio, ao transmitir a ideia da natureza hostil dos fantasmas que se buscava afastar por meio do ritual da Lemúria, utiliza o termo manes para se referir a eles em vez de lêmures. Essa utilização de manes e lêmures enquanto sinônimos pode ser explicada como licença poética do autor ou mesmo porque, em seus primórdios, a Lemúria era de fato um festival que abarcava todos os mortos e não apenas aqueles capazes de prejudicar seus descendentes. De qualquer forma, essa confusão de manes com lêmures não pode ser vista como algo particular de Ovídio já que é encontrada em diversas fontes, inclusive epigráficas, indicando talvez a dupla acepção genérica de lêmures enquanto fantasmas sem distinção de natureza pacífica ou maléfica.

Não existe uma definição específica do que seriam os lêmures e as larvae, porém há indícios de que os romanos usavam esses termos para tratar de espíritos nocivos e temidos.

A primeira evidência que se tem da utilização do termo lêmure encontra-se nas Epístolas de Horácio, datada de finais do século I a.C., onde, apesar da imprecisão do vocábulo, é evidente que se trata de um espectro que deve ser temido. Ao comentar essa obra, no século III d.C., Porfírio afirmou que os lêmures eram espíritos de pessoas que morreram prematuramente e que devido à sua infelicidade deveriam ser temidos. Acro, outro escoliasta de Horácio, interpreta os lêmures como sombras de pessoas que tiveram uma morte violenta.

Já o termo larvae foi mencionado por Sêneca, em sua obra Apocolocyntosis divi Claudii ("Apocolocintose do divino Cláudio"), e por Plínio, em História Natural, e surge como o carrasco das almas no inferno ou ao menos como figuras demoníacas e hostis, mas não pode ser facilmente definido como fantasmas para esses autores. Para Plauto, larvae parece designar maus espíritos que afetam os homens com insanidade.

Podemos distinguir, assim, os lêmures como os espíritos dos insepultos sem um ritual fúnebre apropriado, bem como os mortos prematuramente, como as crianças; e as larvae, consideradas ainda mais maléficas do que os lêmures, correspondiam àqueles que morreram violentamente, a exemplo dos suicidas e vítimas de acidentes". [https://pt.wikipedia.org/wiki/Lem%C3%BAria_(festival)]

Lembrar e celebrar devidamente o parente morto era e é essencial em diversas espiritualidades. A falta de cuidado em lembrar os finados, antepassados e ancestrais pode trazer consequências desastrosas. Não importa quem foi ou qual foi sua experiência com esse parente finado. Após seu desencarne, ele ou ela está automaticamente fazendo parte da comunidade dos espíritos. Como esses finados são mais próximos de você, eles tornam-se seu canal mais próximo aos seus antepassados, ancestrais e Deuses. Trate-os bem, lembre deles e os celebre, adequadamente.

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