quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Cultura Andina

Eu parei de escrever nesse blog em 25/06/2016 e voltei quase cinco anos depois. Muita coisa aconteceu nesse período, eu passei por uma péssima experiência, mas não irei comentar sobre isso.

Eu vou focar em divulgar o Paganismo, a Bruxaria e a Wicca. O que eu irei abordar, hoje, fez parte de minha viagem para o Chile em outubro de 2018.

Ali eu pude ter contato direto com a cultura, a religião e o povo original da América Latina. Em 23 de janeiro de 2016 eu escrevi um texto sobre a “roda do ano latina”. Foi com surpresa e satisfação que eu encontrei no Chile a Chakana [a “cruz andina”]:


“Chacana, Chakana: (n) (1) Escadas; escada. A Cruz andina, ou Inca , cruz que reflete os três mundos (Hanaqpacha – superior , Kaypacha – face da terra , Ukhupacha – inferior e interior), com um disco central representando o Hatun Inti (O Divino Sol Central).  A representação inca da constelação Cruzeiro do Sul descrito como poder simbólico para ponte entre o céu e a terra. Uma cruz, especificamente a cruz andina.; um símbolo da simetria divina e equilíbrio”. [Inca Glossary]

“A cosmovisão andina, a imagem que a cultura tem do mundo e das pessoas está muito ligada à cosmografia, que é a descrição do cosmos e neste caso para o céu do hemisfério sul; o eixo visual e simbólico é marcado pela constelação do Cruzeiro do Sul, chamado Chakana. [snip]

No universo andino existem mundos simultâneos, paralelos e interligados, que reconhecem a vida e a comunicação entre as entidades naturais e espirituais. A visão é baseada em cosmologia, que é a fase da explicação mitológica do mundo, e estão organizados como a base da sintaxe do pensamento. [snip]

A Chakana é a representação de um conceito com vários níveis de complexidade de acordo com a sua utilização. É o nome da constelação do Cruzeiro do Sul, resume a cosmo visão andina e é um conceito ligado a estações astronômicas. É considerada a ponte ou a escada que permitiu que os povos andinos mantivessem seus cosmos latentes de ligação, um anagrama de símbolos, definindo em si a filosofia de vida, a ciência, a cultura andina. Para essa cultura haveria dois espaços sagrados que se opõem uns aos outros: primeiro vertical, dividido ao meio (macho e metade fêmea), segundo horizontal, dividido em seres celestiais e seres terrestres e subterrâneos”. [Portal Terra Base]

Eu pude conhecer também o povo Mapuche e sua Cosmovisão:

“A terra caracteriza e dá sentido existencial aos mapuche, fazendo parte desde seu etnônimo (gente da terra) até a espécie de seus sobrenomes, geralmente toponímias do lugar em que historicamente vivem (ou viviam) as diferentes linhagens de parentesco.

Os Mapuche usam a ideia de mapu para designar a Terra, compreendida enquanto seus territórios tradicionais, contudo não somente no simples plano material. A ideia de mapu não faz “só uma referência ao tangível, ao material, senão que possui uma dimensão espacial que permite situar todas as dimensões da vida no universo. Ou seja, possui também uma dimensão transcendente” (PAILLAL, 2006, p. 31). O conceito de Mapu alude assim a um espaço tanto físico como metafísico, onde as forças do bem e do mal se complementam e interagem.

O universo cosmogônico Mapuche possuiria duas dimensões: uma vertical e outra horizontal. A primeira faz referência a uma série de plataformas que estariam superpostas no espaço, possuindo certa hierarquia, sendo as superiores relacionadas ao bem e as inferiores ao mal. A mapu, estaria em um grau intermediário, espaço de intersecção, lugar onde o bem e o mal permeiam sincronicamente.

Em relação à dimensão horizontal, estas plataformas seriam todas quadradas e de igual tamanho. Geograficamente, esta plataforma que é a mapu, está orientada segundo os quatro pontos cardeais, tomando como referência o leste, materializado pela cordilheira dos Andes, direção sagrada e positiva de onde nasce o sol, matriz da presente concepção espacial.

A ideia do mundo quadrado, sendo os vértices os pontos cardeais é representada no kultrun, um dos instrumentos musicais mais importantes da cultura Mapuche, utilizado tradicionalmente em rituais xamânicos. “O kultrun é o resumo do conjunto da criação que a machi utiliza para seus serviços como símbolo e expressão do poder” (PIUTRÍN, 1985, p. 121). É justamente no centro deste quadrado, o centro do universo, que as comunidades Mapuche localizam sua morada. Este ponto é demarcado fisicamente no terreno por meio do nillatúe, um monumento antropomórfico de madeira colocado em um campo aberto na comunidade Mapuche, sendo um espaço sagrado onde se celebram de tempo em tempo rituais de fertilidade (nillatún).

Cabe ressaltar dois pontos fundamentais da cosmovisão Mapuche. O primeiro é o caráter animista desta cultura, ou seja, a ideia de que todos os elementos da natureza são vivos, conscientes e possuem ânima (espécie de energia, o qual os Mapuche chamam de newén). Assim, por exemplo, uma planta medicinal possui em sua essência um determinado newén; sendo justamente este, incorporado por aquele que ingere a planta, o responsável pela cura do enfermo. O segundo aspecto importante é o da reciprocidade, ideia fundamental no “Kimün Mapuche” (sabedoria Mapuche), na qual pauta-se a ideia do equilíbrio das relações, fundamental a sua perpetuidade”. [https://pt.wikipedia.org/wiki/Mapuches]

Aqui vale a pena anotar o simbolismo do kultrun:



“O kultrun ou cultrún representa na visão de mundo Mapuche metade do universo ou o mundo em sua forma semiesférica; Os quatro pontos cardeais são representados no patch, que são os poderes onipotentes de Ngnechen, dominador do universo, que são representados por duas linhas como uma cruz e suas extremidades se ramificam em mais três linhas, representando as pernas do choique (avestruz) ; Dentro das salas que são divididas pelas linhas descritas acima, as quatro estações do ano são desenhadas.

Desde os tempos antigos, o conhecimento sobre a natureza se reflete neste instrumento sagrado. Nele você pode ver o que existia como uma linha que divide geográfica e naturalmente esta nação-nação, a Cordilheira dos Andes, marcando seus extremos: Pikun (Norte) e Willi (Sul); Outra linha imaginária que corta transversalmente é aquela que representa a trajetória do sol, Puel (Leste) e Gulu (Oeste). Desta forma, o conhecimento dos pontos cardeais é evidenciado.

Também pode ser visto nas salas em que se divide o Kultrun das diferentes estações do ano:

Pukem (inverno): É o momento em que o Xufken Mapu renova sua fertilidade através da chuva e da claridade do Antu (Sol), pois é aqui que os dias começam a se alongar. Com os diferentes elementos que usarão posteriormente para trabalhar na próxima etapa.

Pewü (primavera): é o segundo estágio, pu kvuzaw (empregos) começam a se desenvolver . É quando as famílias se preparam para sair do inverno. Além disso, é produzido o lxofij We Coyin (broto da planta). O lof organiza o uso produtivo dos espaços para superar as más condições do Xufken Mapu (solo), degradado pelos reduzidos e sobrecarregados.

Walüng (verão): época de colheita. Aqui o pugejipun começa a acontecer . Cada comunidade faz isso em datas diferentes, mas sempre em apoio a kvyen (lua cheia). A celebração do gejipun é a oportunidade de fortalecer sua identidade como povo. As autoridades originais ( Lonko, Pijan kuse, Werken ) guiam cada pombal . O Weupife (historiador) recria a memória. O gvlam (conselho) que é transmitido permite recuperar a dignidade e o futuro.

Rimu (outono): É aqui que a família se prepara para o retorno aos seus espaços de inverno. Os frutos da colheita são armazenados, é também a época do Xafkintu (troca), uma época de muito frio onde a vida familiar é compartilhada de forma mais intensa e permite a prática intensiva da educação mapuche, ou seja, a transmissão do kimvn (conhecimento). , através do epew (história), mvxam (conversa), picikece jogos ( gvjiw Polton, awar kuzem ) que eles compartilham com os idosos”. [Pueblos Originarios – traduzido pelo Google Tradutor]

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