quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Heterogênese XXI

A tarefa é longa e árdua. Porém, compensadora. Devemos usar a faculdade da razão que somos dotados, só assim perceberemos a que fim trágico nos deixamos levar. Pode ser que realmente não haja um mundo futuro, nem sequer um Deus, para nos redimir dos erros e nos ressuscitar da morte. Tudo pode ter sido um imenso engano, pregado pela nossa mente doentia. Devemos nos curar então, exercitando a mente, ao invés do lucro fácil, da posição social, da beleza ou do poder. Pois todos fenecem e logo são quebrados por modelos novos. A mente não quebra, molda-se; a mente não cresce, desenvolve-se; a mente não morre, prolifera-se. A civilização humana passa, mas seu produto mental, concretizado, permanece, desafiando os séculos.

É por isso que sou tão tendencioso para as Trevas. É por isso que amo a Deusa da Lua Negra, Lilith, minha rainha adorada. Não me importo se ainda acredita em Jesus e no Deus Único Todo Poderoso, que o resto seja maligno e demoníaco. Haverá o tempo que tudo isso cairá diante da própria fragilidade e falta de lógica profunda.
Cabe a cada um, sem dúvida, fazer uso de seu cérebro e criar dentro dele seu universo. Ou então se acomodar, conformar-se, com as idéias prontas, servidas a granel, por pessoas que nem sabem quem você é, nem se importam, desde que esteja pensando e agindo como querem.

Dou-me por satisfeito e já estou recompensado. Fiz as memórias das Trevas com espírito livre e voluntário, sendo o mais sincero que pude. Acho que cumpri com as metas a que me propus e que agradam a meus amigos, minhas amigas e minha rainha.
Que o Fogo Negro envolva-me e recicle-me, para merecer estar nesta República sob o olhar profundo e intenso do respeitável soberano Espírito das Trevas. Que este, pelo meu trabalho, possa olhar por mim e orientar-me.

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