segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O cisma wiccano

Em um texto meu, eu escrevi: “A Tradição Proteana teve seu reconhecimento e linhagem revogados por terem alterado a ortopraxia”.
Antes que digam que eu estou inventando, eu vou contar a história do cisma que ocorreu entre covens wiccanos. Para isso, eu devo antes lembrar que a Wicca chegou aos EUA pelas mãos de Monique Wilson e por Raymond Buckland se espalhou rapidamente entre os americanos. O problema é que a expansão foi tão bem sucedida e encontrou tantos interessados que acabou provocando um boom de grupos e covens que se apresentavam como sendo wiccanos sem o sê-los, o que é conhecido como “wicca popular”, ou “neo-wicca”.
O Coven Proteus tinha sido fundado e era liderado por Judy Harrow, sacerdotisa Gardneriana. Em algum momento ela e seus coveners decidiram alterar algumas das práticas ritualísticas. Embora isto tenha sido discutido e aprovado pelos seus antecessores, a alteração era significativamente diferente do que era feito em outros covens gardnerianos. Conforme outros neófitos foram iniciados e ascenderam ao 3°, a diferença entre o que se ensinava e o que tinha sido aprendido ficaram mais evidentes, resultou então que o coven declarou fundada a Tradição Proteana, enquanto que covens gardnerianos mais tradicionais declararam que não reconheciam tal tradição, bem como não reconheciam seus iniciados e sua linhagem.
Esta não é a única “divisão” na wicca tradicional, atualmente os covens tradicionais que fazem parte da wicca tradicional britânica são compostos pela Tradição Alexandrina, Tradição Central Valley [Kingstone, Majestic, Silver Crescent, Mohsian] e Tradição Blue Star.
Isso deixa de fora diversos grupos e “tradições” que apareceram nos EUA por volta da década de 70 e 80. Em meu tempo dentro da Amber and Jet eu recordo com precisão como covens tradicionais viam a “linhagem de Long Island” e o escândalo dos “diplomas” que circulavam pela comunidade pagã como se fossem documentos legítimos de graduação no sacerdócio. John Halstead acertou em cheio quando escreveu sobre as origens americanas da neo-wicca e infelizmente a coisa desandou tanto que qualquer discurso ou esclarecimento irá acabar melindrando a grande massa de pessoas que consomem a Wilka.
Há algo de interessante como qualquer um pode afirmar ou declara suas opiniões e práticas na Wicca, exigindo ser reconhecido e validado, ao mesmo tempo em que questiona e critica opiniões divergentes. Aparentemente todos tem autoridade ou são porta-vozes da Wicca, exceto os sacerdotes e estudiosos da Wicca Tradicional.
 Eu espero que meus leitores entendam quando eu exponho os princípio e características da Wicca Tradicional isto não significa que eu estou desautorizando ou desvalorizando suas crenças e práticas. Mas o Paganismo Moderno tem tantos caminhos, crenças e práticas, porque o público cismou tanto com a Wicca? Dizem que ela é elitista, fechada, que está dominando o cenário pagão... alguns dizem até que é sexista, machista e homofóbica. Então porque ainda fazem questão de usá-la como rótulo? O buscador será muito mais honesto e sincero se estudar, praticar e vivenciar seu caminho, sua crença, estabelecendo vínculos com a natureza, seus ancestrais e os Deuses Antigos, sem necessitar de um rótulo, sem necessitar de um estandarte ou placa.

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