segunda-feira, 18 de maio de 2015

Ensaio sobre o sacrifício de animais

Mudanças acontecerão. Com a confirmação de que Claudiney Prieto é um Alto Sacerdote de 3° da Tradição Gardneriana, o cenário da comunidade pagã brasileira será alterado..
Minha fonte para textos sobre a Wicca Tradicional vem da época em que eu estava na Amber & Jet [Grupo Yahoo]. Ainda que a lista seja aberta para buscadores, ela é mantida por Altos Sacerdotes da Wicca Tradicional. Os textos e definições divulgados ali são suficientes para presumir quais são as características, os princípios e os valores básicos da Wicca Tradicional, o que eu tenho defendido neste blog.
Minhas outras fontes são livros, mas meus estudos servem apenas para sustentar a minha opinião, nada mais. Mesmo quando o assunto é sexo e magia sexual, mesmo quando o texto é de autoria de um/uma Auto Sacerdote/Sacerdotisa, ali terá a percepção e opinião dele/dela, dentro do que pode ser divulgado publicamente, sem infringir o voto de sigilo.
Então este ensaio sobre o sacrifício tem por base meus estudos sobre a história antiga, antropologia, religião antiga, paganismo moderno e observações pessoais.
Cito esta declaração:
"Da mesma forma que sacrifícios humanos não são mais realizados para Deuses de diversas culturas antigas ainda cultuados na atualidade, cordeiros não são mais imolados para Javé, Sacerdotes de Réia e Cibele não se castram mais em frenesi para servir a Deusa, os sacrifícios de animais também perderam completamente seu lugar nos cultos Neopagãos e são abominados por praticamente todos os seguidores do Neopaganismo".
Como estudioso e pagão moderno, eu tenho que discordar. Basta uma boa olhada na história do paganismo moderno e mesmo nas religiões majoritárias para vermos que o sacrifício de animais ainda são realizados. Existem ramos da bruxaria tradicional onde se pratica o sacrifício animal.
"Tal prática entre os Neopagãos da urbe, então, fere em muitos níveis e aspectos os princípios da legalidade, as normas éticas e o senso comum da sociedade".
Considerando que o "senso comum da sociedade" acha normal comermos carne, levando em conta o aspecto psicológico e antropológico do sacrifício animal, o sacrifício ritualístico de animais apenas fere os princípios das pessoas susceptíveis.
Eu recomendo a leitura do texto"A Natureza do Homem e do Divino". 
Falar em sacrifício, no mundo contemporâneo, suscita diversos pruridos. Quais são o espaço e lugar do sacrifício na tradição wiccana?
Vemos na Carga da Deusa:
"Eu não exijo sacrifício; pois saibam que sou a mãe de todos os seres vivos e meu amor é despejado sobre a terra”.
Cito este comentário:
“Esta simples declaração rejeita o até então realizada necessidade dentro do paradigma cristão prevalecente para o sofrimento como um requisito para a unidade com o divino”.
Então devemos entender o sacrifício de diversas formas, não apenas como uma oferenda, seja de objetos, frutos ou animais.
Temos também:
“Que os rituais sejam corretamente celebrados com alegria e beleza”.
Em um ritual a presença de um sacrifício não é algo que é pedido, mandado ou exigido pelos Deuses. Nenhum ritual existe por que algum Deus necessita dele. Nós fazemos um ritual por que este é o nosso dever, nossa obrigação. Como é um dever, o sacerdote tem que proceder com o sacrifício da forma correta, tal como a tradição, a cerimônia exige, para celebrar um determinado mistério de um mito.
Dentre as características da Wicca Tradicional, além de ser um sacerdócio, ser iniciática, ser Duoteísta e Politeísta, podemos considerá-la uma “religião da natureza”. Ora, basta uma observação da natureza para ver que há violência, morte, animais comem e são comidos. O sacrifício de animais serve exatamente para consagrar este aspecto da natureza. A realização do ritual tem uma função catárquica e alimentar fundamental para a comunidade. Seria completamente sem sentido e incongruente a presença de uma adaga em nossas cerimônias. Eu sei que existem tradições nos cultos contemporâneos de Bruxaria que realizam sacrifício de animais. Nós fazemos um banquete após nossas cerimônias. Eu não vejo muita diferença entre comer o animal sacrificado em um ritual e comer um filé comprado no açougue.
Talvez eu seja radical demais, tradicional demais. Em tempos onde as pessoas acham que todo animal tem o mesmo comportamento que o animal de estimação, onde se confunde “direito animal” com preservação ambiental, onde vemos os animais com a mesma aura do “bom selvagem” de Rousseau, falar ou defender o sacrifício de animais é contrariar esses pruridos e essa moral pequeno-burguesa.
Quem acha mesmo que a natureza e o animal são bonzinhos, eu convido passar um mês nas florestas, portando apenas um bastão, uma bússola e uma faca. Eu ouso dizer que dentro de uma semana até o vegan mais radical vai largar suas ilusões edulcoradas.

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