segunda-feira, 13 de abril de 2015

O arcano do mundo

O mundo é sempre o vilão em diversas religiões. Eu nunca gostei de histórias onde se conta apenas um lado e eu sempre torci pelo vilão.
Eu escolhi o arcano do mundo para refletir um pouco sobre o tema no Paganismo Moderno que coloca o mundo, bem como as coisas mundanas, materiais [como o corpo, o desejo, o prazer e o sexo] como ferramentas e meios eficazes para se alcançar o divino.
No centro do arcano temos Gaia, a Deusa, cujo mundo é sua manifestação. Eu creio que seja necessário diferenciar Gaia da Deusa e do Deus, pois a Senhora é a Lua e é a Mãe Celestial e o Senhor é o Sol e é o Pai do Campo, da Floresta e das Feras, domesticadas ou selvagens.
Ela segura um cetro em cada mão, denotando perfeito domínio. Ela é o centro, mas não está sozinha. Está rodeada por uma coroa, tal como os vencedores são coroados. Mas enigmáticas são as quatro figuras no canto do arcano. Vemos um homem [ou um anjo], uma águia, um touro e um leão.
Eis uma boa referência de onde podemos refletir sobre esses personagens:
E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro, e tinha o terceiro animal o rosto como de homem e o quarto animal era semelhante a uma águia voando. [Apocalipse 4:7]
O autor do apocalipse inspirou-se nas profecias de Daniel para descrever os quatro animais, cada qual posicionado em um canto da terra, tal como os Guardiões posicionados nas direções cardeais. Eu devo lembrar ao dileto e eventual leitor que não existem coincidências.
Cada uma destas figuras simboliza um poder, potestade ou arcanjo. Cada qual destas figuras representa um atributo ou força existente no ser humano. Quando esses atributos estão em harmonia [obra alquímica], nos tornamos Deuses, quando estão em desequilíbrio, nos tornamos coisas.
Podemos dizer, então, que o arcano mostra que Gaia está guardada por estas potestades, que são Guardiões, que são o Espírito da Humanidade e que a harmonia, a felicidade, a abundância somente podem ser conquistadas quando existe colaboração.
O caminho iniciático é introvertido e extrovertido. Enquanto não formos mestres de nós mesmos, não podemos dominar a magia, não podemos nos conectar com a natureza, não podemos moldar e dobrar a realidade. Sem realização externa, sem obras, o conhecimento do bruxo é inútil, vão e vaidade.

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