quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Graus, guildas e iniciação - Primeiro Grau

Autora: Deborah Snavely.
Publicado na coluna Raise the Horns, de Jason Mankey, no Patheos.
Introdução.
Dentro da Wica Tradicional Britânica, existe uma estrutura chamada de sistema de graus. O primeiro grau é a iniciação, ou tornar-se um/a [sacerdote/tisa] da Wica. O segundo e terceiro grau são conhecidos por serem mais experientes, mais habilidosos, mais talentosos ou mais “poderosos”. O que isso significa na prática? Para responder a esta questão, vamos discutir os paralelos que existem entre as estruturas de guildas e o sistema de graus da Wica.
Uma guilda era uma associação de artesões que controlavam a prática de seus ofícios em uma determinada cidade. Na França, algumas guildas deram origem a alguma universidades, onde nosso grau acadêmico – bacharelado, mestrado, doutorado – mantêm esta estrutura das guildas: aprendiz, assalariado, mestre.
Entretanto existe uma diferença significativa entre o sistema das guildas e o sistema de graus da Wica. A diferença é que não há qualquer requisite para que o iniciado procure pela ascensão de grau. Nas guildas de comércio, os aprendizes tinham que completar um treinamento na habilidade comercial para passar a ser assalariado neste comércio. O mestrado não é uma posição garantida, pois é necessário  certa aptidão ou talento além das habilidades, nas quais o aprendiz se torna assalariado. Em contraste, na Wica um iniciado pode continuar no primeiro grau sem procurar por ascender a um grau superior. Um iniciado pode, da mesma forma, procurar por ascender de grau, enquanto cresce em seu Ofício e em suas vidas.
Eu vou deixar isso bem claro que se deve procurar por treinamento, iniciação ou elevação na Wica Tradicional Britânica. Deve ser pedido, senão não se recebe. Na Wica não se faz proselitismo. Ao mesmo tempo, pedir não garante que o candidato será aceito para o treinamento no átrio de um coven, iniciado em um coven ou elevado para um grau mais elevado.
Aprendiz.
Historicamente, um aprendiz era contratualmente ligado por um período de tempo [geralmente sete anos] para servir a um mestre em um comércio ou ofício. As obrigações do aprendiz eram trabalhos simples no início, limpando a loja e aprendendo as funções mais básicas por observação e instrução: os nomes e usos das ferramentas do ofício; os materiais usados e como eram adquiridos, estocados, aprontados e postos em uso; as interações sociais da loja, entre cliente e mestre, ou mestre e trabalhador, o que podia incluir mestres menores, assalariados e outros aprendizes.
As obrigações do aprendiz eram aprender seu ofício em todos os seus aspectos e manter o sigilo desse ofício. Em troca, o mestre treinava o aprendiz naquele ofício específico. O mestre providenciava instrução no nível exigido e oportunidades em aprender fazendo. Ele também corrigia os erros inevitáveis de um novato e remediava as dificuldades encontradas nos projetos do novato.
O Primeiro Grau
Na Wica Tradicional Britânica, o “aprendizado” começa com a iniciação. No tempo de Gerald Gardner, a bruxaria era ilegal na Bretanha. Gardner nos conta que foi apenas durante sua iniciação que ele descobriu que o coven que o iniciou eram de bruxas.
A iniciação de Gardner veio quando ele começou a aprender especificamente o Ofício. Seu interesse em assuntos de magia e ocultismo formou sua educação, mas foi apenas quando ele foi jurado como “irmão da Arte Mágica” que alguma informação foi compartilhada – seja por escrito, por palavra ou pela prática. Tal como o aprendiz, Gardner estava preso a um voto de manter os segredos da Wica.
No livro publicado de Gardner [Com a Ajuda da Alta Magia], ele afirma que não descreveu as técnicas mágicas e as palavras que a Wica usava em seus rituais, ele estava mantendo seu juramento de segredo. Por isso ele citou o livro “As Chaves do Rei Salomão” [McGregor – Mathers] para descrever as cenas que descreviam os trabalhos de magia. Nossos rituais são transformadores, produzem uma sutil transformação naqueles que os celebram. Todo novo iniciado é exposto a palavras e ações e energias dentro do círculo mágico que estão fora de experiência anterior.
Costuma-se dizer que o primeiro grau é especialmente sobre conhecer a Deusa, uma realidade necessária pelas raízes patriarcais da cultura moderna. Como o aprendiz, um novo iniciado tem obrigações como aprender o calendário wiccano, chamar um quadrante, estruturar um ritual, memorizar um ritual de esbat, lançar um círculo, etc.
Se o iniciado está trabalhando por uma elevação para o Segundo grau, o material necessário para o primeiro grau foi completamente copiado à mão em seu próprio Livro das Sombras.na prática de um coven, o iniciado pode ser estimulado a escrever, ler ou a praticar exercícios como parte de  seu treinamento. Então, depois do período dito de “um ano e um dia”, o iniciado de primeiro grau pode receber o segundo grau.

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