segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A porta secreta

Um dos trechos enigmáticos da Carga da Deusa diz: “Há uma porta secreta que eu fiz para estabelecer o caminho para experimentar mesmo na terra o elixir da imortalidade”.

Isto é algo que pouco se fala e se comenta. A Deusa é branca, não por alguma etnia, ela é branca porque ela é a Morte. Ela é o Ventre e a Tumba. Tal como dizemos em nossos rituais: “Todas as coisas se originam de mim, e para mim todas as coisas deverão retornar”.

Nossas celebrações estão sintonizadas com as estações do ano e os ciclos da natureza para tal propósito, pois este mundo, esta vida, nosso corpo e nossa gente estão interconectados. Aqui não há medo, não há pecado, não há punição. Vivemos com a consciência e responsabilidade sobre nossos atos e palavras.

Quando evocamos os Guardiões nos Quadrantes, nós nos aproximamos desta porta. Ao entrar no Círculo, nós estamos no Ventre da Deusa. Encontramos dentro do Ventre Aquele que é o Autor e Ator, quem nos semeia no Ventre e nos ceifa na Colheita. Saudemos ao nosso Senhor, O Deus das Florestas, das Feras, dos Campos e dos Mistérios. Ele é Aquele que guarda a Porta, sem Ele não podemos tirar os véus da ignorância, sem Ele não podemos atravessar o abismo que existe entre os mundos, sem Ele não podemos renascer.

O maior mistério da Wica consiste em celebrar o ciclo de nascimento, crescimento, velhice, morte e renascimento. Em um trecho de nossos rituais dizemos: “Portanto pela semente e raiz, e caule e botão, e folha e flor e fruto nós a ti invocamos”. Em todos os nossos momentos, nossos Deuses estão presentes. Tal como dizemos em nossos rituais: “E se vos dizeis, ali eu perambulei e não me avaliaste, melhor que digas, ali eu clamei e esperei pacientemente e vi que tu estavas comigo desde o princípio, pois aos que me desejaram sempre irão me alcançar, mesmo no fim do desejo”.

Por isto que é fundamental celebrarmos nosso Senhor e nossa Senhora, celebrarmos o Hiero Gamos, celebrarmos o Grande Ritual. Por isso que dizemos em nossos rituais: “Aqui onde a Lança e o Graal se unem, e pés, e joelhos, e peitos, e lábios”. Sem a união, cessa a existência do Universo. Para haver união, é necessário que haja o Casal Divino. Quando apenas um [ou uma] se torna dominante e a outra [ou o outro] é omitida, a consequência é medo, fome, miséria, ignorância, violência, ódio.

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