quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal pagão

Jason Mankey propõe uma análise mais exata do mito natalino, o mito cristão que é o cerne do Natal, uma celebração que há tempos foi desencavado suas raízes pagãs.

Jason diz: “cristãos lutam com o seu passado pagão, e pagãos modernos e ateus têm suas batalhas também. Em vez de desfrutarmos a riqueza de nossas tradições, pessoas em ambos os lados gostam de atacar seus desafetos. Ideias de que a antiguidade pagã foi cristianizada e qualquer coisa pode ser feita para marginalizar Jesus é jogado em sua manjedoura. Eu não sou um grande fã do cristianismo também, mas eu não vou inventar coisas sobre seu fundador para me fazer sentir melhor sobre isso”.

Que o Natal excedeu suas origens, motivos e sacralidade, não há o que comentar, mas eu discordo da tentativa de amenizar ou esclarecer quais partes das raízes pagãs do Natal são exatas e quais não. Inegavelmente o mito de Natal, o mito de Cristo, ainda continua sendo e tendo um esqueleto com origem em diversos mitos pagãos.

Se for para esclarecer algo, se é para explicar mitos e religião comparada, que seja imparcial, o que Jason não faz ao desmistificar as equiparações de Cristo com outros Deuses pagãos.

“Dionísio não nasceu de uma virgem, porque seu pai Zeus, na verdade, gostava de ter relações sexuais com pessoas (e outras divindades). Ninguém jamais afirmou que Semele (mãe de Dionísio) era virgem.”

Diversos mitógrafos e mesmo escritores antigos citam Semele como sendo virgem quando Zeus a engravidou. Mesmo o atributo de “virgem” que foi dado a Maria/Miriam é controverso, pois no original significa “mulher não casada”, o que é bem diferente do sentido que se costuma dar. Ponto fora para Jason.

“Mithra não nasceu de uma virgem, ele veio a este mundo como um adulto que estoura através de rocha sólida”.

Jason não forneceu suas fontes para tal afirmação. A Wikipédia confirma este mito, mas lembra que existem variações. Em sua versão Védica, Mithra nasceu de Ahura-Mazda, uma Deusa Virgem. Ponto fora para Jason.

Curiosamente em outros textos de Jason fala-se das enormes similaridades dos símbolos usados no Natal que tem origem pagã, como eu mesmo publiquei em meu blogue. Podemos fazer as mesmas comparações com Hórus, Attis e inúmeros outros Deuses Pagãos. As diferenças mais ressaltam o quanto o Cristianismo se apropriou da imensa cultura pagã que existia nos povos que foram englobados pelo Império Romano. Com a terceira bola fora, Jason perde a partida.

Seja o leitor pagão, cristão, judeu, muçulmano, ateu, não faltam razões e motivos para celebrar a data do solstício de verão. Bruxos celebram Lussinata, pagãos celebram Saturnália, wiccanos celebram Yule/Litha. Então celebremos e que esse clima de concórdia perdure o ano todo!

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