domingo, 21 de dezembro de 2014

Escolhendo o Amor

Erick Dupree escreveu um artigo no Patheos intitulado “Choosing Love over Fear”. Pode parecer estranho, afinal, muitas religiões afirmam que existem para que a humanidade conheça o Amor e saibam amar. No entanto, qualquer pessoa que saiba um pouco de história sabe muito bem que a História do Cristianismo [e de outras religiões abraãmicas] mostra que algumas religiões tem uma forma muito estranha de demonstrar amor. Mas vamos devagar, não vamos cair na generalização, análise superficial, desonestidade, calunia, injuria e difamação que os neoateístas fazem. A humanidade não precisa de mais intolerância e fundamentalismo.

Voltando ao assunto, em especifico o Paganismo Moderno, o que nós podemos oferecer como caminho para conhecermos, celebrarmos e vivenciarmos o Amor?

Antes vamos citar Erick explicando a expectativa das pessoas:

Pelo menos uma pessoa reaprende o que significa ter uma espiritualidade própria e escolher o amor ao invés do medo”.

Muitas pessoas procuram por uma forma de espiritualidade alternativa por causa de traumas ou de decepções. O Paganismo Moderno tem, como Sable Aradia definiu com precisão, a “Maldição da Gentileza Pagã”. Onde nas outras religiões, especialmente as monoteístas ou majoritárias dizem “não” nós dizemos “sim”. A despeito de toda nossa característica e inclusão, as pessoas ainda tem medo e eu não as culpo, principalmente se levarmos em conta a polêmica que Zsuzsanna Budapest causou e causa no meio do Paganismo Moderno.

Para os curiosos, simpatizantes e interessados no Paganismo Moderno saibam que nós não somos assim tão tolerantes nem inclusivos quanto gostaríamos de fazer crer. Meu caro dileto e eventual leitor deve ter acompanhado por este blog, eu fui sistematicamente banido e expulso de diversos grupos e redes sociais pagãs simplesmente por sustentar a tradição, os princípios e os valores da Wica. Quando o assunto é sexo, gênero, identidade/preferência pessoal, educação sexual e relacionamento então, eu custo crer que ainda não me queimaram em uma fogueira. Falar de Amor em um mundo onde o que manda é Ódio, Violência, Agressividade sempre será visto com suspeita.

Em outro texto eu fiz uma reflexão em como a humanidade é curiosa e esquisita. Nós temos tantas poesias, músicas, pinturas, filmes e teatros que falam sobre o amor, mas nós praticamos muito pouco aquilo que consideramos ser amor. Erick diz que o amor “pode te levar a abandonar” tudo o que você conhece: família, amigos, trabalho, religião. Eu não poderia discordar mais de Erick. Amor não é escolher algo ou alguém e deixar outros fora. Amor é sempre acrescentar, aumentar, ampliar, incluir. O ideal de Erick se parece muito com o ideal cristão. Para Erick, amor é “vazio”. O amor não é “vazio”, mas a sensação de plenitude. O ideal de Erick se parece muito com o ideal budista. Erick disse que no “vazio” do seu coração ele encontrou a Deusa, a Deusa imanente que está mais para o Monismo do que para um ente divino, mas ele não fala do Deus. Como pode haver amor?

Esta é uma falha das chamadas “religiões da Deusa”, sobretudo de suas vertentes mais feministas ao ponto de serem misândricas. A Deusa é incapaz de dar, receber, inspirar amor se negamos a Ela sua sexualidade, sua sensualidade, sua feminilidade. Ao omitir, negar e diminuir a importância do Deus, ao tornar a Deusa uma Santa Ameba, nós estamos negando a sacralidade do desejo, do prazer, do corpo, do sexo e do amor. Ao negar que a Deusa precisa de um Consorte nós tornamos o sagrado feminino mais uma triste imitação do ascetismo cristão. Como pode haver amor?

Vivemos por tempo demais debaixo do Ódio, da Violência, da Ignorância, do Medo. Vivemos por tempo demais debaixo dessa ditadura clerical e toleramos toda essa opressão e repressão por tempo demais. Basta de recalques, traumas, frustrações, neuroses e paranoias. Chega de discriminação, preconceito, intolerância, discriminação, segregação. Basta de modelos impostos, seja da Sociedade, seja do Estado, seja da Igreja. Todo ser humano tem a liberdade e o direto de amar quem quiser, quantos quiser. Celebremos o Amor enquanto Lei, como o Amor é, Criança e fruto da União [Hiero Gamos] do Deus com a Deusa.

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