sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Crise Ambiental e Paganismo Moderno

Eu completei 49 anos de idade em 04 de agosto e muita coisa aconteceu nos últimos dois anos. Eu mudei muita coisa nesse período, agora é o momento de concluir a mudança. Eu cansei de vez de tentar dialogar com cristãos, ateu e pagão. O que eu tiver que comentar ou escrever sobre algum assunto, notícia ou artigo na mídia, eu farei aqui.

Eu tenho acompanhado alguns artigos no Patheos que demonstram que há algo que não vai bem na Comunidade Pagã. Eu escrevi aqui a minha controvérsia sobre o excessivo enfoque na Deusa e denunciei diversas vezes o Dianismo como um mero monoteísmo travestido. Diga-se de passagem que o problema não é que sejam pagãos monoteístas, mas o discurso exclusivista.

Recentemente o Patheos lançou o assunto sobre o Ambiente e a Crise Ambiental com uma pergunta simples: “Has Pagan Environmentalism Failed?” Traduzindo: “O Ambientalismo Pagão Falhou?”

Das opiniões e artigos no Canal Pagão, a que me chamou a atenção foi o texto de Rhyd Wildermuth intitulado “A Call to War”. Traduzindo: “Uma Chamada para a Guerra”. Preocupante, muito preocupante. O Cristianismo tem uma mácula enorme em sua história por ter levado a humanidade a diversas guerras, assassinatos, genocídios e outros crimes contra a humanidade. Tudo em nome de Deus. Os Pagãos Modernos farão o mesmo em nome do Ambiente? Vamos cometer os mesmos erros dos Cristãos e outros credos monoteístas?

Eu vou analisar alguns quesitos levantados pelo autor, que devem ser respondidas, não apenas por pagãos modernos, mas por qualquer ser humano.

Os pagãos modernos é quem deveriam consertar isso.

Não, nós não temos que consertar isso. Nós temos uma crença que respeita e reverencia a natureza, mas nós não temos a capacidade, a autoridade ou a competência de impingir nossas crenças às outras pessoas. Nossa missão não é o de oferecer uma “salvação” de qualquer tipo.

Os pagãos devem ser ambientalistas.

Engano que, infelizmente, existe na própria Comunidade Pagã. Diversas religiões, nativas, étnicas, aborígenes, bem como tradições pagãs usam sacrifício animal. Defensores do direito animal acham isso uma barbárie, mas o abate religioso é feito de uma forma com muito mais regras e ética do que de muito abatedouro. Se isso é ético e moral, eu devo dizer que nutrição não tem coisa alguma com ética e moral.

As religiões baseadas na natureza devem ser ambientalistas.

Não, não devem. Uma coisa, como eu disse anteriormente, é reverenciar e respeitar a Natureza. Outra é mitificar ou idealizar nossa relação com Ela. A Natureza tem um comportamento que não é harmônico ou justo. Temos vulcões, terremotos, furacões. Temos espécies que extinguiriam a vida se tivessem a oportunidade. Nossa política de proteção ao ambiente é mais para evitar que sejamos extintos do que evitar que a Natureza seja destruída. Mesmo religiões nativas, étnicas, aborígenes e pagãs, ainda que reverenciem e respeitem a Natureza, realizam sacrifício animal.

O ambientalismo deve ser uma crítica ao capitalismo.

Idealismo utópico. Nossa espécie precisa produzir para existir, para sobreviver e isso demanda a exploração dos recursos naturais. Nossos ancestrais guerrearam, mataram, pilharam, estupraram, escravizaram, caçaram, desflorestaram e cometiam atos que, nos dias de hoje, chocaria os pagãos modernos abobados.

O capitalismo tem destruído o ambiente.

O capitalismo é apenas um modo de produção, aqui não entram noções de moral ou ética. Nós não podemos culpar o capitalismo pelo nossa ganância e futilidade.

O capitalismo tem destruído culturas nativas.

Assim como o Colonialismo, o Imperialismo, fatos históricos que, se não tivessem acontecido, nosso mundo contemporâneo não existiria. Curiosamente é graças ao capitalismo malvado que muito pagão moderno pôde ter o conhecimento e contato com essas culturas nativas.

O capitalismo tem destruído religiões ancestrais e pagãs.

O pagão moderno não deve ler história e antropologia. Desde que o mundo é mundo e o ser humano existe, diversas religiões “ancestrais e pagãs” modificaram, sumiram ou foram assimiladas por outras religiões igualmente ancestrais e pagãs. Nossa crença contemporânea é resultado desse sincretismo, seria muito difícil senão impossível resgatar as “religiões ancestrais” em sua pureza mais cristalina.

O pagão moderno tem que atacar a raiz desse mal.

Não, não tem. Nós vivemos e somos produto do capitalismo. O Paganismo Moderno surgiu e cresceu dentro do capitalismo. O problema não é o sistema de produção, mas a forma como este é estruturado e funciona, de forma politica, social e ambiental.

Conclusão:

O Pagão Moderno não deve ser como o Cristão, não deve matar nem declarar guerra, seja qual for sua justificativa, explicação, causa ou bandeira. Ao invés de declarar guerra ao modo de produção, devemos agir dentro dele, para que, por meios políticos e sociais, possamos incluir o ambiental.

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