quinta-feira, 28 de julho de 2011

Justiça poética

Na Grécia, uma equipa de arqueólogos, a do Projecto de Pesquisa de Amycles, obteve finalmente autorização do Conselho Central de Arqueologia para tirar partes de edifícios de igrejas para as colocar de volta no seu devido lugar, o original - o templo de Apolo em Amyclae, localidade perto do sítio da antiga Esparta.
O templo de Apolo em Amyclae é considerado como uma das mais enigmáticas edificações religiosas da Antiguidade. Trata-se de um templo de alguma dimensão erigido no século sexto a.c.. Inclui um grande trono no seu centro, destinado ao Deus. A estátua de Apolo seria eventualmente mais alta do que o próprio templo, alcançando os catorze metros e meio. O templo foi inteiramente feito em mármore e elaboradamente decorado pelo famoso escultor e arquitecto Vathycles, de Magnésia, cidade grega sita na Ásia Menor.
Durante quarenta anos, os arqueólogos, começando com Angelos Delivorrias, que trabalhou nas ruínas de Esparta entre 1966 e 1968, e é actualmente director do Projecto de Pesquisa, começou a registar fragmentos do templo espalhados pela região. Foram identificados vários elementos arquitectónicos, maioritariamente do trono acima referido, entre os quais se encontram duas bases na forma de pés de leão, de noventa centímetros de comprimento cada. O arqueólogo Manolis Korres, por seu turno, apresentou ao Conselho Central de Arqueologia um plano, delineado desde 2005, de escavação e restauração para dignificar o monumento, que está de momento desfigurado e irreconhecível. Sabe-se que as partes perdidas deste templo estão actualmente integrados na igreja cristã de Agia Kyriaki, construída entre 1907 e 1920. Significa isto que quem fez esta igreja, fê-la parcialmente com peças tiradas ao antigo templo de Apolo, portanto, do templo de um Deus pagão, prática habitual dos cristãos da época em que o Cristianismo começou a ser imposto no Ocidente pela intimidação e pela força. Foram encontradas no pórtico desta igreja nada menos do que vinte partes arquitectónicas do altar e do trono do templo. Adicionalmente, identificaram-se vários outros pedaços do templo de Apolo incorporados em várias outras igrejas da região, tais como a do profeta Elias, em Sklavochori, a de S. Nicolau e a de S. Teodoro. Outras peças do templo estão guardadas no Museu de Esparta. O professor Delivorrias sugeriu que estas peças deveriam ser restituídas ao templo de Apolo. O arquitecto Themistocles Mpilis afirmou por sua vez, no Conselho Central de Arqueologia, que é necessária a extracção de antigas partes do templo de Apolo que hoje fazem parte do interior de igrejas, para que a equipa possa observar os outros lados das paredes em busca de mais partes do templo pagão. Um outro arquitecto afirma que as igrejas não serão afectadas, porque no lugar das peças retiradas serão colocadas réplicas das mesmas.
O caso está a suscitar grande oposição da parte de cultores da cultura bizantina (cristã greco-romana), mas a caravana segue caminho.
Um exemplo para ser seguido em todo o continente europeu e adjacências indo-europeias, dos Urais aos Açores, para que se faça Justiça não apenas histórica e até sagrada - para que, mil e setecentos anos depois do início da grande usurpação cristã, seja restaurada a verdadeira grandeza europeia, a pré-cristã, e acima de tudo, voluntariamente ou não, seja devolvido aos verdadeiros Deuses da Europa o que Lhes pertence por direito.
Contra os imperialismos religiosos totalitários,  urge tomar este e o caso de Ayodhya como modelos.
Autor: Caturo, no blog Gladius.

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