terça-feira, 3 de maio de 2011

Eslováquia mantêm tradições pagãs

Vinte anos após o fim do comunismo, a Páscoa na Eslováquia é celebrada entre as tradições do cristianismo, incluindo tradicionais receitas culinárias, e os costumes pagãos alusivos à fertilidade. Alimentos como ovos cozidos, presunto cozido com sal, bolo com requeijão, pãezinhos com aipo, pasta de batata com queijo de ovelha, purê de arroz com manteiga e sorgo fazem parte do receituário tradicional das celebrações da Páscoa eslovaca.
Alguns são consumidos durante os dias de abstinência, já que com exceção da Quinta-Feira Santa, muitos católicos do país centro-europeu cumprem esse preceito religioso e não comem carne até o Domingo da Ressurreição.
Também se destacam as decorações das casas, que dão entrada a elementos da natureza - galhos e brotos de videira verdes e ovos ornamentais pintados à mão - quando esta recupera vigor com a chegada da primavera, que também fala da vida e é considerada símbolo da ressurreição. "Espero ansiosamente pelo presunto com sal, feito em casa da forma tradicional", disse Cyril Hamrak, capelão da Igreja de Santa Catarina de Alexandria, em Dolny Kubin, no norte do país.
O clérigo lembrou que é forte o costume de apresentar estes alimentos caseiros para serem benzidos no final da vigília de Páscoa ou durante a missa do Domingo da Ressurreição.
Entre os costumes pagãs mais difundidos, e que são festejados principalmente durante a segunda-feira de Páscoa, destaca-se o de jogar água fria - em pequena quantidade - sobre mulheres jovens. "Esse costume é para desejar que sejam bonitas e sadias. Os antigos eslavos o faziam para adorar divindades da floresta", afirmou o pastor evangélico Rastislav Stancek.
Além da água, em alguns lugares as moças recebiam leves golpes com varas de salgueiro como forma de desejar sorte, e em troca deveriam entregar um presente, como um pedaço de bolo. "Depois que os homens derramavam água sobre as meninas solteiras, elas os presenteavam com um ovo cozido, que é um símbolo pagão da fertilidade", explicou Stancek.
Também era costume enterrar nos campos as cascas dos ovos de Páscoa, para que fossem mais férteis. "Isso estava ligado à tradição que existia nas zonas agrícolas, onde antes de arar se rezava", lembrou também o pastor.

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