Texto divulgado no Maçãs Podres, de minha autoria:
Dentro do tema do meu blog, as religiões e culturas dos povos da Antiguidade, a dita civilização clássica foi a principal fonte da misoginia que se alastrou pela Idade Média, pelas vias da doutrina da Igreja.
Felizmente, nem todos os povos antigos foram assim. Os Etruscos forma conhecidos não apenas pelo estado de urbanização e cultura avançada, mas pela igualdade de gênero. Entre os Bretões [e povos Celtas em geral] a mulher assumia cargos de importância social como rainhas, sacerdotisas e guerreiras. Ao contrário das civilizações clássicas [Gregos e Romanos] as Deusas eram tão senão mais adoradas que os Deuses. Os mitos demonstram uma equivalência de poder e força entre Deuses e Deusas.
No Oriente Médio temos as grandes civilizações dos Hititas, dos Filisteus, dos Cananeus, dos Frígios, dos Assírios, dos Acadianos e Sumerianos, de onde se originaram o culto à Deusa-Mãe.
Na África, temos a civilização dos Egípcios onde a história ainda se lembra das mulheres-faraó que reinaram e deixaram sua marca de beleza na arte, como Nefertiti, Hashepsut, Cleópatra.
Em suma, das civilizações antigas, apenas a dos Gregos e a do Romanos a condição da mulher estava abaixo da condição de um escravo. Riane Eisler declara que os antigos Gregos adultos mantinham um relacionamento com garotos exatamente porque desprezavam a mulher. Os Romanos consideravam a mulher uma propriedade do pater-familias, para ser trocada ou negociada em algum casamento, sem contar ser comum a manutenção de cortesãs ou mesmo preferir deitar-se com uma serva do que com a esposa.
Tanto em Roma quanto em Atenas era comum haver hieródulos, templos onde existiam a prostituição sagrada. A única exceção são as vestais, mulheres que se tornam sacerdotisas de Vesta, a sociedade romana tinha tão alta estima por estas sacerdotisas que elas é quem consagravam os Césares.
O pouco que sabemos dos mitos da civilização clássica foi feita em um período tardio, quando o poder estava nas mãos do patriarcado e isto refletiu nas obras de Hesíodo - Teogonia - bem como em obras posteriores. Tornou-se comum para as elites dominantes demonizar as divindades primordiais e diminuir a influência das Deusas, ressaltando e sustentando o modo de dominação patriarcal.
As três grandes religiões mundiais - monoteístas - refletem bem esse aspecto social, político e religioso onde a mulher é vista como a grande culpada [pecadora] pela queda da humanidade e pelo sofrimento advindo de nossa condição carnal.
Felizmente a humanidade cresceu e adquiriu conhecimento. Veio o Renascentismo, as revoluções, a indústria. A Igreja começou a perder o poder. A autoridade da elite patriarcal começou a ser contestada. Alternativas de Estado, de Regime, de Espiritualidade, de Crença, surgiram.
No inicio da década de 60 (1954) estes eventos deram condição para a humanidade começar a se libertar da autocracia dos regimes ditatoriais e teocráticos. Junto com a Contracultura e a Revolução Sexual surgiu e cresceu o Neopaganismo, onde as mulheres estão reencontrando seu espaço e sua expressão, retomando o lugar que também lhes pertence por direito, encontrando meios para se ressacralizar e reconduzir a humanidade a redescobrir que ambos os gêneros possuem alma e espírito, ambos os gêneros são igualmente divinos e sagrados, ambos os gêneros são igualmente competentes para exercer o sacerdócio, ambos os gêneros são igualmente capazes para cargos políticos.
Oxalá em alguns anos a humanidade possa reestabelecer a Deusa no trono do mundo.
Os eventuais leitores não estranhem, mas como eu escrevo para o público geral e não apenas para pagãos, não faria muito sentido abrir o texto com um título "presente de litha". Mas aos que quiserem dar a este fauno um presente, agradeço antecipadamente. };)
Gostariamos de agradecer a vc Beto pela colaboração, avisar que em dois dias, o seu texto já esta entre os mais lidos da semana e que, quem sabe, poderiamos articular uma rede de produções conjuntas com vc e outr@s blogueir@s.
ResponderExcluirSaudações