segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Poliamor e monogamia no século XXI

Essa é uma conversa para quem sonha em construir uma relação de GENTE GRANDE. É também desaconselhável entrar nesse texto quem está satisfeito com o estilo vivido nas relações de amor e de amizade na sexualidade. Para que alguém se torne adulto e gente grande, em uma relação no alvorecer desse século e mundo de infinitas possibilidades, é preciso estar online e conectado na rede de necessidade humana hodierna e que se abra às metamorfoses nos paradigmas de vida e de imaginar a sexualidade.
REDE DE POSSIBILIDADES - Vivemos em uma era de grandes possibilidades de conexões virtuais e reais. Um debate de alto e bom nível, fundamentado e nada superficial, é o que se precisa ser gerado, gestado e desenvolvido nesse espaço. Considera-se que o POLIAMOR é em debate inicial para quem acredita e sonha grande. E é um embate oxigenado sem dogmas, de poliamorosos com todos os que vivem em um mundo conformado, em um modelo em fase terminal, seja monógamos e ou polígamos velados. É uma possibilidade humana de se resgatar o amor no século XXI, em seus princípios originais, que está latente na imagem simbólica do EROS grego, Deus do amor.
DEMOCRACIA SEXUAL - Para o Poliamor, qualquer uma das formas de amar e viver a sexualidade, seja ela BI, HOMO, PAN, POLI e HETERO é perfeitamente normal. Para o modelo de sexualidade herdada da tradição cristã, patriarcal e ocidental, ter uma opção de sexualidade, que não seja monogâmica-heterossexual é patologia e distúrbio relacional. A sexualidade deve ser vivida de modo transparente e democrático, ético e humana. O único limite é dignidade humana, que deve ser elevado a uma escala em processo vital de humanização.
MUNDO VIRTUAL - É fato notado, notório e notável, ao se entrar nas salas de bate-papo, quanta necessidade de contatos, de sexo, de relações, de conexões que as pessoas têm. Será que essa é uma necessidade humana ou machista, de sexo ou de afetos que afugentem, afaguem, acalentem ou é apenas promiscuidade e compulsividade imatura? O que se pode perceber é um descontentamento geral, na forma sufocada em um desabafo incontido, alegando que no interior da maioria das famílias, nas formas de namoro ou até mesmo na nova onda ‘do ficar’ não é mais um lugar ou um ventre tão acalentador ou um espaço que favoreça com que as pessoas se conheçam. A discussão que circula nesses espaços virtual de conexão deriva da questão do sexo com sendo ‘o pomo da questão. ’
Pode-se dizer de modo seguro, que o poliamor tem uma resposta efetiva para essa realidade, se identifica com ela e tem muito a ajudar nessa reflexão. Sabe-se que o sexo, o amor, as sacanagens do desejo e da imaginação devem ser vividos e debatidos de modo transparente e sem pudores. Acredita-se que deva existir uma cultura e hábitos humanos, prazerosos e arejados. Oede se entregar em uma relação e sentir a fusão da outra pessoa, em seu ser, não tem estrutura para ser poliamoroso, e sim para viver em uma relação monogâmica.
FAMÍLIA MONOGÂMICA[MONO] - Essa é uma discussão teórica que a NAVARRO faz em seu livro, A CAMA NA VARANDA, e que deixa a visão dos é monogâmicos em estado de choque. Ela mostra e analisa isso no conjunto do livro, ao afirmar de modo irônico que, a família herdada nesse século é a ‘célula mater’, que educa as pessoas para que vivam suas relações de modo dependentes e eternamente imaturas, umas com as outras, seja do ponto de vista emocional, afetivo e sentimental. Por outro lado, é próprio da família MONO em distorcer e reduzir o amor ao mundo doméstico e privado da família burguesa. Escuta-se esse mesmo discurso em todos os espaços formais e informais de educação e eles reproduzem e induzem as pessoas a pensarem que o afeto e o amor só podem ser vividos em uma relação monogâmica hétero. ‘Quando amo alguém eu não sinto desejo por outra’. Essa é a visão comum e recorrente.
PATOLOGIA AFETIVA - É indispensável analisar as condições afetivas das pessoas nesse mundo de desencontros tidos como casamentos e ou relacionamentos. As pessoas são educadas no seio do lar para depender afetivamente dos outros. Digo depender de modo infantil, animal e patológico. É normal e cultural interdepender e precisar do outro para se desenvolver em afetos, os desejos e sentimentos.
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA - Pode-se perguntar, e por que não inferir, que essa visão não se encaixaria naquilo que BOURDIEU fala ao se referir à ‘violência simbólica’? Dir-se-ia que sim. Somos ideologizados, induzidos a ter uma visão única da vida afetiva, hospedada nos seio de uma família de ordem patriarcal. Isso é violência simbólica no dizer dele e ao mesmo tempo é manipulação e alienação da propriedade privada na perspectiva marxista.
POLIGAMIA=MONOGAMIA - A melhor caracterização que diferencia o Poliamor tanto da monogamia, como da poligamia, seria dizer que para quem ‘é poliamoroso’ como concepção e conduta de relacionamento: ‘cuidado e cuidado’, ‘amizade e amizade’, ‘sensibilidade e afetividade.’ Isso inexiste no modelo de matrimônio e poligamia velada nossa cultura brasileira, desde a colônia. Essa percepção é relevante para os homens e mulheres, desse século do vazio e da fuga desesperada de si mesmo na busca frenética pelo consumismo. Tanto na monogamia quanto na poligamia as relações que se pautam no apenas no sexo, na coabitação e na procriação. Consumismo de si mesmo, consumismo dos outros, consumismo de produtos, consumismo de tecnologias, consumismo virtuais.
ARISTÓTELES – Diz-se que poliamor é mais uma escola de uma nova forma de viver a sexualidade e o afeto, o amor e o desejo, as paixões e a imaginação. Como disse Aristóteles, só a poucos é concebida a graça e a virtude, a excelência e a nobreza de experimentar essa maravilha de prazer e felicidade de viver. Só quem tem a sabedoria prática a partir da vida com os amigos sabe saborear o prazer dos amigos e da amizade. Ter a coragem de viver paixão e amor para além do estereótipo que está aí.
PLATÃO – Platão em seu livro, A REPÚBLICA, já falava de uma forma de relação, atribuída aos guardiões, sem o senso de posse e livre expressão sem características Monogâmica, que se assemelha aos pressupostos do poliamor em nossos tempos. Mas na, visão dos gregos só uns poucos e seletos e bem educados teriam condições de viver dessa forma.
POLIAMOROSO - Na verdade esse é o grande desafio que está colocado para quem acredita em poliamor. Acredita-se que só poucos podem viver de modo humano o poliamor. Só quem souber se relacionar com a outra pessoa sem querer fazer dela coisa e desejar cuidar dela como de si mesmo, e isso não é fácil, tem condições de entender o que seja o poliamor. Só vive de modo poliamoroso quem tem afetividade aberta, em processo, em desenvolvimento e adulta, digo adulta e não adúltera.
A UTOPIA - É sonho para o poliamor uma comunidade vivendo com todos os amores do passado, do presente e do futuro. E por princípio deve-se manter uma boa relação com quem se vive um relacionamento íntimo. Quando se fala em relacionamento íntimo, não se limita apenas ao ato sexual. Íntimo quer dizer relação transparente, livre, enraizada, aberta, racional, de desejo. Acredita-se que esse espaço deve redimensionar o debate e tornar pública essa possibilidade das possibilidades de se viver de modo completo a sexualidade.
Autor: Raimundo Expedito Pires
Fonte: Sexualidade e Poliamor em Tocantins

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