sábado, 17 de outubro de 2009

Saber, o Pecado Original

No estudo os anos da macabra caça às bruxas em territórios europeus, nos relatos dos julgamentos, é evidente o traço da corrupção da justiça, dos homens e da Igreja. A chacina de cidadãos não foi apenas uma histeria religiosa, um terrível engano fruto de ignorância e superstição. A Inquisição serviu a propósitos muito pessoais daqueles que ganhavam dinheiro com a indústria dos processos e dos confiscos. Muitos dos condenados como bruxos foram eram pessoas que detinham saberes superiores àqueles que a Igreja-Estado podia oferecer diante dos problemas do povo.
Especialmente mulheres, que trabalhavam como curandeiras no sentido estrito da palavra, ou seja, porque tinham o conhecimento dos recursos necessários para curar moléstias diversas; essas foram proibidas de exercer suas habilidades. O conhecimento útil e superior dessas mulheres [e de homens também], conhecimento oriundo de fonte suspeita posto que fonte pagã, aquilo era uma afronta à autoridade absoluta pretendida pela Igreja. A sabedoria daquelas mulheres era uma sabedoria maldita, coisa que não era de se estranhar posto que o pecado entrou no mundo pela mão da mulher, ela! que aceitou comer o fruto do Conhecimento. Sobretudo o conhecimento do se entendia como magia precisava ser monopolizado pela Igreja por conta do poder que proporciona a quem o possui.
Aliás, o cristianismo trouxe junto com a doutrina do amor incondicional a reivindicação ser o único poder verdadeiramente legítimo autorizado a fazer milagres. Não é de se estranhar que Papas e outros eclesiásticos tenham tido seus nomes ligados à bruxaria. Até porque, enquanto a plebe ignara [povo ignorante] chamava de bruxaria a todo poder que consideravam sobre-humano, sobrenatural, os intelectuais da Igreja sempre souberam que a palavra magia, em sua origem, foi um sinônimo de ciência. Todos os cientistas da Antiguidade histórica foram chamados Magos; investidos na condição de sacerdotes e mais, os Magos dos tempos mais arcaicos, mitológicos, foram eles próprios mitificados, considerados deuses ou semi-deuses.
No Antigo Testamento destaca-se a figura de um dos mais famosos dentre esses magos: o rei Salomão que, segundo o texto bíblico, controlava Elementais e outras entidades metafísicas tendo sido instruído nessa ciência pelo próprio Deus.
O testamento de Salomão, suas Clavículas, nada mais são que instruções sobre como adquirir semelhante poder. No século XIX, estudiosos ocultistas como Eliphas Levi tentavam esclarecer em seus tratados de magia que o fundamento do poder mágico era, simplesmente pensamento e vontade do homens educados, treinados, convertidos em instrumentos capazes de operar voluntariamente sobre a realidade.
O segredo do pentagrama foi revelado: com sua ponta virada para cima, símbolo do homem evoluído. O enigma da magia, explicado: não existe o sobrenatural; existem somente fenômenos não explicados. Mas apesar do esforço para informar a verdade sobre magia, o estigma do mistério, que tanto fascina quanto assusta, permanece até os dias atuais.
Copiado de Sofá da Sala.[link morto]

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