Tem gente que estuda e pesquisa antes de escrever um texto. Tem gente que escreve de qualquer jeito, sem ter a mínima idéia sobre o que escreve. O primeiro tem a humildade de indicar a bibliografia ou as fontes que consultou. O segundo começa seu texto elencando seus títulos acadêmicos, os reais, os pretendidos, os imaginados. O primeiro tem uma tendência mais liberal e uma visão mais panorâmica. O segundo tem uma tendência mais reacionária e uma visão mais estreita.
O pastor João Batista Alves de Carvalho se encaixa muito bem no segundo caso, ao publicar mais um texto fundamentalista cristão cheio de discriminação, intolerância, calúnia, difamação e homofobia. Ele não é o único que se empenha nessa cruzada contra os homossexuais e a homossexualidade, junto com ele tem o Julio Severo, a Jael Savelli e a Rozangela Justino engrossando as fileiras do ódio religioso, disfarçado e dissimulado como exercício do direito à liberdade de expressão, opinião e crença.
No caso do pastor e seu texto, ele mostra que não sabe o que escreve ao apelar à velha falácia do ad populum, argumentando em nome de "todos nós".
Parafraseando o autor, "todos nós" sabemos que a bíblia está cheia de contradições. Para quem crê nela, esta é sagrada, a "palavra de Deus", mas nem "todos nós" cremos nela. Neste livro há preceitos que foram dados ao povo de Israel, não à "todos nós". As normas, as condutas, os comportamento, os ensinamentos interessam, portanto, aos Judeus, não à "todos nós". Neste livro há tanta moralidade e caráter quanto imoralidade e vigarice.
"Todos nós" questionamos e duvidamos da unicidade da bíblia como regra e prática de fé, há outros livros igualmente considerados sagrados, alguns mais antigos e coerentes do que a bíblia. "Todos nós" refutamos a interpretação tendenciosa e descontextualizada deste texto questionável, especialmente quanto este é utilizado para embasar ou argumentar a discriminação, o preconceito, a intolerância, a calúnia e a difamação contra uma opção sexual ou religiosa.
"Todos nós" conhecemos e lemos a história bíblica de Sodoma e Gomorra e não vimos trecho algum que atribuisse a destruição destas cidades míticas ao que o pastor chama de "pecado do homossexualismo". Nem que tais cidades míticas estavam localizadas na região que hoje é chamada de Mar Morto.
A questão da homossexualidade se tornou um problema, um crime, apenas depois da oficialização do Cristianismo como a única religião autorizada do Império Romano. A mesma religião cujo fundador ensinou que se devia amar uns aos outros, a dar a outra face, de que todos são iguais em Cristo, a partir da Idade Média e em nome dele perseguiu, torturou, prendeu e matou centenas de inocentes simplesmente por serem homossexuais.
A questão da homossexualidade se tornou um efeito do abalo familiar, conjugal, moral, financeiro e espiritual apenas depois que o fundamentalismo conquistou espaço entre os cristãos. "Todos nós" sabemos que famílias bem estruturadas não rejeitam nem condenam suas crianças como faz este pastor. "Todos nós" sabemos que mesmo com uma educação religiosa baseada na bíblia, mesmo em famílias que observem a doutrina do evangelho, mesmo onde Cristo é o alicerce do lar, os homossexuais não vão deixar de pertencer a essas famílias, não deixarão de ser filhos e filhas, não deixarão de ser pessoas.
"Todos nós" gostamos da diversidade, gostamos de assistir à Parada Gay da mesma forma que gostamos de assistir à Marcha por Jesus. "Todos nós" gostamos de demonstrar apreço e carinho aos que gostamos, não há falta de vergonha, de moral ou de respeito, qualquer que seja a manifestação de amor. "Todos nós" sabemos que a nudez em uma manifestação artística não é atentado ao pudor, o escândalo está apenas nos olhos de quem a vê e a condena.
"Todos nós" queremos o Cristo que ensinou o amor e a compaixão, "todos nós" dispensamos o apóstolo que ensinou a violência e o ódio. "Todos nós" continuaremos a lutar e a resistir a quem, debaixo da pretensa autoridade autoarrogada de pastor, vem pregar a intolerância, afastando as pessoas de Deus, negando a Cristo, distorcendo a bíblia. Para "todos nós", este pastor é um pecador maior do que aquele que este condena. "Todos nós" rogamos aos representantes de Deus que, quando não souberem o que dizem, o melhor é ficarem calados.
O pastor RR Soares é um escárnio, há outros pilantras bem ou tanto quanto malas, o MalaFaia e mais outro e outro e outro, um bocado de doutores em passar os outros prá trás, estes contos dos milagres, estas figuras colocam o diabo no chinelo, duvido que o demo queira esta vizinhança tão macabra.
ResponderExcluirGostei do seu texto e por isso o coloquei na seção de links "participantes da inquietação" do meu blog