terça-feira, 14 de julho de 2009

O mundo germânico

Quando o Império Romano começou a sofrer dos males que o levariam ao fim, os povos chamados germânicos começaram a penetrar e a se instalar além das fronteiras do moribundo império.
Pouco a pouco, a medida que o império chegava ao fim, foram surgindo nações bárbaras onde antes estavam os territórios do império.
Os povos germânicos habitavam as regiões ao sul da Escandinavia, em quase toda a região da Dinamarca. A oeste chegavam a ultrapassar o rio Reno.
O conhecimento destes povos foi ampliado depois que César fez a campanha na Gália e manteve contato com as tribos germânicas.
Até essa época, os povos germânicos eram sedentários e viviam do pastoreio e da agricultura. A terra pertencia a toda a tribo e os chefes das famílias é que determinavam qual parte do solo devia ser cultivada. Somente os rebanhos eram de propriedade privada dos principais guerreiros da tribo. As tribos só possuíam um chefe na época de guerra. Resumindo, os bárbaros germânicos viviam no que se convencionou chamar de sistema comunitário primitivo.
A partir do século I da era cristã, o sistema comunitário primitivo dos germânicos começou a se transformar a medida que aumentava o contato com os romanos. O comércio que os romanos mantinham com os germânicos gerou disputas no interior das famílias e tribos dos bárbaros, pois os chefes guerreiros vendiam seu gado para obter mercadorias dos romanos, vários chefes guerreiros atacavam outras tribos para obter prisioneiros e vendê-los aos romanos, a terra passou a ser distribuída para alguns indivíduos e não mais para toda a tribo.
A partir destas mudanças iniciais, toda a estrutura da sociedade primitiva se alterou profundamente. Formou-se uma aristocracia hereditária que fazia a guerra para aumentar a sua propriedade. No interior destas aristocracias proprietárias surgiram chefes com poder quase semelhante ao dos futuros reis. Os lideres de cada tribo, que se apoderavam das terras comunitárias, formaram escoltas, isto é, grupos de guerreiros que se distanciavam cada vez mais dos outros membros das tribos.
Pouco a pouco, formou-se uma nobreza barbara que não trabalhava mais no campo e se mantinha a custa do trabalho de alguns camponeses escravizados ou dependentes. A autoridade politica dos chefes era mantida pela força, com a ajuda dessas escoltas armadas. Isto levava a lutas entre os chefes rivais que queriam manter o poder. A antiga assembleia dos guerreiros germânicos desapareceu e foi substituída por um conselho de nobres, que exercia autoridade sobre as aldeias barbaras.
Os romanos incentivavam essas transformações e provocavam guerras entre os bárbaros, pois isto mantinha os germânicos divididos e facilitava a manutenção da autoridade imperial sobre as nações barbaras. A politica diplomática de Roma começou a admitir exércitos de bárbaros nas fronteiras, com o objetivo de impedir a entrada de outros bárbaros. Muitos destes novos soldados entravam diretamente no exército romano, como recrutas, mas o faziam em troca de terras. Desta forma, muitos bárbaros tornaram-se altos oficiais do exercito romano.
Os contatos entre germânicos e romanos aceleraram a transformação militar dos bárbaros, aumentando o potencial bélico de seu exercito, o que facilitou paradoxalmente o avanço dos bárbaros atraves das fronteiras romanas. Quando os hunos empurraram definitivamente os germânicos, obrigando-os a atravessar as fronteiras do império, os bárbaros já não eram mais os mesmos, a velha igualdade familiar e tribal foi substituída pela formação de uma classe aristocrática, proprietária de terras, que se apoiava em escoltas nobres de guerreiros.
Da mistura da sociedade romana, que se achava em total decadência, com a sociedade bárbara germânica, que se achava em transformação, nasceu um novo sistema chamado feudalismo.
Fonte: Pedro, Antônio. Historia Antiga e Medieval – pg. 234 a 237.

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