segunda-feira, 13 de julho de 2009

O arquetipo do Lobo

Amado Lobo
Costumam contar-nos a imposição do Cristianismo como um processo natural perante o qual quase não houve resistência. Entre o édito de Milão de Constantino (313 EC) e o édito de Tesalónica de Teodósio (380 EC), isto é, entre a legalização e a imposição como único culto legal, o breve parêntesis de Juliano (360-363 EC) mal passaria de um curto episódio histórico.
A verdade é que foi necessária toda a potência da maquinaria imperial para que uma seita intolerante e monoteista, com uma concepção literal dos seus mitos, se impusesse contra séculos de tradições politeístas. Um Deus que não representava um arquétipo nem se baseava num arcaico relato moralizante, senão que pretendia ser uma pretendida verdade histórica, não se impõe sem mais nem porquê depois de séculos de inclusão baseados na possível equivalência dos diferentes mitos e arquétipos da cada povo chegado ao império.
É sabido que o Ocidente ibérico tinha mantido uma considerável autonomia religiosa. A conhecida ara dedicada a Erudinus, aparecida no Bico de Dobra (Santander) e datada trinta anos após o decreto de Teodósio é sem dúvida representativa e são muitos os testemunhos que apontam para uma sobrevivência dos cultos celtíberos à cristianização, inclusive no século V.
O Lobo e a Ursa
Mas ainda neste marco a estela do Lobo e a Ursa que se conserva no Museu Arqueológico de Astúrias, datada no século V, representa uma anomalía.
O lobo é uma importante figura na arte ibérica pré-romana. Como guardião do Hades e as águas subterrâneas, representa uma porta para o terrível, o mundo subterrâneo dos mortos. Muito menos indicando estas um sentido de marcha. Aliás todos as representações bidimensionais pré-romanas e ibero-romanas de lobos olham da direita para a esquerda.
Citado e copiado de Gladius

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