Com a voz peremptória do mestre esclarecendo o neófito, ela explicou que as mulheres, mais do que os homens, são os verdadeiros sustentáculos da ordem social, e que, para cumprir este papel, elas foram educadas, uniformemente em todo o mundo, para estarem a serviço do homem.
— Não faz diferença se elas são criadas como escravas ou se são mimadas e amadas—observou ela.
—A finalidade e o destino fundamental das mulheres continuam sendo os mesmos: nutrir, proteger e servir os homens.
Clara olhou para mim, creio que para avaliar se eu estava acompanhando seu argumento. Creio que estava, mas minha reação mais íntima era negar tudo que ela estava dizendo.
— Isto pode ser verdade em alguns casos — concedi — mas não creio que você possa fazer tamanha generalização e incluir todas as mulheres.
Clara discordou veementemente.
— O lado diabólico da posição servil das mulheres é que ele não parece ser simplesmente um ditame social—disse ela— mas um imperativo biológico fundamental.
— Espere um momento, Clara — protestei — como você chegou a essas conclusões?
Ela explicou que cada espécie possui um imperativo biológico para perpetuar-se, e que a natureza proporciona instrumentos para assegurar a fusão das energias masculina e feminina da maneira mais eficiente. Disse que, na esfera humana, conquanto a função primordial da relação sexual seja a procriação, ela também tem uma função secundária e velada, que é assegurar o fluxo contínuo de energia das mulheres para os homens.
Clara enfatizou tanto a palavra "homens" que tive de perguntar:
— Por que você diz isto como se fosse uma avenida de mão única? O ato sexual não é uma troca uniforme de energia entre homem e mulher?
— Não. Negou ela enfaticamente.
— Os homens deixam linhas energéticas específicas dentro do corpo das mulheres. Assemelham-se a tênias luminosas que se movimentam no interior do útero, sugando energia.
- Isso me parece definitivamente sinistro — comentei ironicamente.
Ela prosseguiu com sua exposição em total seriedade. Elas são colocadas ali por uma razão ainda mais sinistra — falou, ignorando minha risada nervosa— que é assegurar o suprimento constante de energia para o homem que depositou essas linhas energéticas. Estas, estabelecidas através da relação sexual, recolhem e roubam energia do corpo feminino, a fim de beneficiar o homem que as deixou ali.
Clara falou com tanta certeza que não consegui gracejar e tive de levá-la a sério.
— Não que eu aceite por um instante sequer o que você está dizendo, Clara — falei — mas, só por curiosidade, como chegou a uma conclusão tão despropositada? Alguém lhe falou disso?
— Sim, meu mestre me falou a respeito. A princípio também não acreditei nele — admitiu ela — mas ele também me ensinou a arte da liberdade, o que significa que aprendi a ver o fluxo da energia. Agora sei que estava certo, pois posso ver os filamentos semelhantes a vermes nos corpos femininos. Você, por exemplo, possui vários deles, todos ainda ativos.
— Digamos que seja verdade, Clara — concedi, inquieta— apenas para continuar com o debate, permita-me perguntar-lhe por que isto seria possível? Este fluxo de mão única da energia não seria uma injustiça com as mulheres?
— O mundo inteiro é injusto com as mulheres! — exclamou ela — mas o problema não é esse.
— Qual é o problema, Clara? Acho que não percebi.
— O imperativo da natureza é perpetuar nossa espécie. Para assegurar isto, as mulheres têm de carregar um fardo excessivo em seu nível energético básico. O que significa um fluxo de energia que sobrecarrega as mulheres.
— Mas você ainda não explicou por que deve ser assim — insisti, já começando a oscilar com a força de suas convicções.
— As mulheres são o alicerce para a perpetuação da espécie humana —replicou Clara.
— Grande parte da energia provém delas, não apenas para gestar, dar à luz e nutrir sua prole, mas também para assegurar que o homem represente seu papel em todo esse processo.
Clara explicou que, teoricamente, esse processo assegura que a mulher alimente seu homem energeticamente através dos filamentos deixados por ele dentro do seu corpo, de modo que o homem se torna misteriosamente dependente da mulher em nível etérico. Isto fica claro na atitude evidente do homem que retorna repetidas vezes para a mesma mulher, a fim de manter sua fonte de sustento. Deste modo, disse Clara, a natureza possibilita aos homens, além do impulso imediato de gratificação sexual, estabelecer vínculos mais permanentes com as mulheres.
— Esses filamentos energéticos, deixados nos úteros das mulheres,também se fundem com a composição energética do filho, caso ocorra aconcepção — acrescentou Clara.
— Este pode ser o rudimento dos laços familiares, pois a energia do pai se funde com a do feto e permite ao homem sentir que o filho é seu. Estes são alguns fatos da vida que a mãe nunca conta à filha. As mulheres são criadas para serem facilmente seduzidas pelos homens, sem terem a menor idéia das conseqüências do ato sexual em termos do escoamento energético produzido em cada uma delas.
Trecho do Livro A Travessia das Feiticeiras, Taisha Abelar.
Citado por Alta sacerdotisa. [link indisponível]
Não sei não...
ResponderExcluiros animasi tbm tem de procriar e eu não vejo os machos sugando as fêmeas por causa disso...
Sinceramente acho q os machos humanos sugam as mulheres mas não acho q o sexo seja a via usada pra isso de forma assim quase que impossível de ser diferente, pois assim todo sexo seria ruim para a mulher, e eu não vejo uma sacerdotiza sendo vampirizada dessa forma durante um ritual... acho q há um vampirismo sim do macho com a fêmea, pode ser através do sexo, mas isso não quer dizer q todo sexo é ruim e q as mulheres sempre serão escravas, dando a sua energia ao macho... isso acontece pq existe um desequilibrio entre o homem e a mulher na sociedade, e a mulher está desconectada de sua propria energia... mas faz parte da sobremesa, é justamente descobrir o q o sexo é de fato no meio dessa miscelânia toda...
au revoir... mon ami...
tanto q a outra aoutora colocou vampirismo, já vc colocou simbiose... eu talvez colocasse isso de outra forma... não sei qual...
ResponderExcluirrss...a autora usou de uma analogia. ou talvez viajou nos conceitos esotéricos. o que há, de fato, é uma troca energética entre dois polos, opostos mas não adversários, contrários mas não contendentes. há o conceito de animus e anima, nós somos incompletos e tentamos resgatar a parte de nós mesmos que vive em nosso/a parceiro/a. como eu me acho muito fragmentado, eu preciso ter muitas mulheres para me completar... };)
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