quarta-feira, 10 de junho de 2009

Religião Popular

Existem três grandes religiões majoritárias monoteístas que dividem a preferência das pessoas pelo mundo: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo. No Oriente podemos dividir esse bolo ainda mais com as religiões do Budismo e do Hinduismo, mas o comportamento dessas cinco religiões acabam se igualando em um aspecto: a manifestação da "religião oficial" pelas pessoas comuns.
Ao contrário dos impérios seculares, esses impérios religiosos, para conquistar a massa de seguidores que têm, aceitaram, adapatram, assimilaram ou misturaram as crenças comuns do povo na liturgia oficial. A religião oficial teve de conviver com a religião popular, mesmo porque em seu esqueleto existem muitas bases que vieram da religião popular.
A religião popular é a manifestação mais autêntica, rica e voluntária que toda pessoa exerce em sua espiritualidade. Ela é a religião mais original, autêntica e nativa de cada local e, a despeito disso, a mais universal em seus elementos e práticas. Esta é a religião que subsiste e resiste pacificamente há milênios dentro das religiões institucionalizadas, sobrepondo obstáculos, fronteiras, linguagens, tempo e cultura. Muitas vezes ela é fruto da adaptação da doutrina oficial e intitucionalizada em termos mais comuns, mais simples, mas sem deixar de ser dinâmico e profundo em sua visão do mundo e do sagrado. Muitas vezes ela é uma mistura única de diversas crenças provindas de muitos povos e enriquecida com a chegada de outros povos com suas crenças, mas seu conteúdo e propósito continuam o mesmo.
Muitos de seus seguidores abrem seus corações e casas a incontáveis santos e outras entidades. Mesmo hoje, as massas em muitos países acham "Deus" muito distante e ocupado para atender suas necessidades pessoais.
Eles praticam sua própria forma de espiritualidade centrada na terra. Eles se voltaram a um panteão de poderes auxiliadores - espíritos, fadas, santos mortos e ancestrais - para protegê-los de feitiços, agouros, olho gordo e outros males causados por espíritos malfazejos.
Esta crença multifacetada é familiar a todos que conhecem as lendas populares. Nestas fantasias populares [folclore] assim como em mitos pagãos no mundo, as pessoas praticam magia e pedem a espíritos bons em suas lutas diárias pelos préstimos necessários na luta contra espíritos malignos - a suposta fonte dos males, misérias e outras condições dolorosas na vida. Crentes em muitos países ainda se comunicam com espíritos através de sonhos, visões e profecias. Eles ainda apelam a forças ocultas usando diversos amuletos, encantamentos, magia, astrologia, feitiçaria e bruxaria. A muitos, a lua crescente e minguante tem uma parte nesses rituais.

Por tempos, como todo império, as religiões institucionalizadas tentaram, em vão, suprimir a religião popular. Em alguns casos, aconteceram verdadeiros levantes populares em defesa da tradição antiga, da herança cultural, do folclore popular. Ainda hoje existe uma forte resistência por parte das religiões institucionalizadas em aceitar certos preceitos consagrados pelo povo e ainda existe um enorme preconceito e discriminação contra a religião popular por parte do conhecimento acadêmico. Para ambos os grupos, a religião popular é ignorante, inculta e supersticiosa. Por motivos e objetivos diversos, tanto "Deus" quanto a "Ciência" têm tentado acabar com a alegria e a festa do povo. Nesse mês de festas juninas, nada mais desafiador e contestador do que ver a população continuar com seus folguedos, a despeito da censura autoritária dos "senhores" do sagrado e da razão.
Como disse um escritor/filósofo: Ridendo Castigat Mores.

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