terça-feira, 30 de outubro de 2007

Politeísmo vs Monoteísmo

Efeitos sociais e políticos do Politeísmo baseado em gêneros versos Monoteísmo Patriarcal. Autor: Frederic Lamond. Tradução e comentários: Roberto Quintas.

Um texto apresentado na Conferencia CESNUR 2003, Vilnius, Lituânia em 12 de Abril de 2003.

Até 3500 anos atrás, todas as religiões eram panteístas e politeístas como o Hinduísmo, Taoísmo, Xintoísmo e muitas religiões tradicionais africanas ainda são. Eles respeitavam as religiões de outras tribos e culturas, reconhecendo no culto delas as mesmas energias divinas que eles tinham, ainda que sob nomes diferentes.

Por que então as religiões monoteístas patriarcais apareceram na Ásia Central há 3500 anos atrás e então espalhou-se primeiro no Oriente Médio e então em suas formas cristãs através da Europa e então os europeus colonizaram territórios além mares pelos últimos 1500 anos, culminando com a Reforma Protestante há 500 anos atrás, a qual jogou fora os últimos indícios de um politeísmo virtual de seus cultos: a Virgem Maria e os santos?[1]

Por que estas religiões monoteístas lutaram tão vigorosamente para erradicar o culto à Natureza nas terras que eles controlavam?

Por que o Cristianismo promove um antagonismo dualista entre o Espirito e a Carne, somente com o conceito formado no "imagem de Deus"?[2]

Por que foi tão fanático em seu ódio pelo prazer sexual e na degradação social da mulher?

Eu estava ponderando sobre estas questões pouco antes de minha iniciação na Wicca em Fevereiro de 1957. Pouco tempo depois a resposta veio a mim em um repentino clarão de iluminação, como muitas teoria cientificas apareceram aos seus descobridores. Eu tratei a ideia como uma teoria a ser testada contra a história da humanidade.

Panteísmo Dialético: Uma Teoria

A evolução do Universo e especialmente a vida na Terra tem sido o produto de um antagonismo dialético entre duas forças cósmicas: O altamente conservador poder do Amor, o qual procura manter todas as espécies vivas e equilíbrio ecológico como eles são, em qualquer momento e é imanente nos instintos herdados geneticamente em todos os seres vivos, incluindo a humanidade.[3]

Este poder é geralmente representado por uma ou mais Deusas e Deuses da fertilidade nas religiões que antropomorfizam as energias cósmicas e terrenas. Seu conceito de tempo é circular, baseado no ciclo anual das estações e uma crença geral em um ciclo de reencarnações. Círculos de pedra no campo são suas formas mais antigas de locais de culto.

Uma força de Criação Destrutiva, o qual procura sempre transformar o equilíbrio existente em ordem para forçar ao menos a uma das espécies existentes a tornar-se mais evoluída para sobreviver. Em um Universo no qual o total de energia somada é constante e não pode ser adicionada nem subtraída – ainda que possa ser convertida em matéria e revertida – nem deus nem homem pode criar coisa alguma sem antes destruir outra coisa. Este é o poder que os Judeus chamam de YHVH; os Cristãos, de Deus Pai; Muçulmanos, Allah e Hindus, Shiva.

Seu conceito de tempo é linear apontando para cima. Altos templos ou catedrais terminando com um alto pináculo apontando para cima são seus locais de culto. Ambas as forças são aspectos do todo, a Realidade Última (um principio conhecido como "monismo", o qual não pode ser confundido com "monoteísmo"): nem é maligno nem indesejável, ainda que um desequilíbrio entre as duas forças frequentemente seja.

Se apenas a força do Amor existisse, o Universo nunca teria saído de seu estado original de Caos indiferenciado. Seria como a imutável superfície lunar onde nada acontece. Significativamente as Deusas Lunares presidem sobre o amor humano em muitos panteões politeístas. Mas se apenas a força da Criação Destrutiva existisse, todo o Universo seria como o sol: uma interminável serie de explosões termonucleares criando novos elementos, mas que durariam apenas microssegundos antes de serem dissolvidos novamente na fornalha ígnea.

O sol tem um papel importante em muitas religiões que adoram o poder da Criação, as quais são então definidas como religiões solares. Na Terra, por outro lado, existe um balanço delicado entre estas duas forças cósmicas antagônicas. O resultado tem sido o lento processo de Evolução na Terra na qual continentes, montanhas, plantas e animais tem aparecido lentamente e plantas e animais individuais vivem ativamente tempo suficiente para experimentar suas existências, mas dentro de espécies que também podem evoluir lentamente após sucessivas gerações.

Até ao menos 150 mil anos atrás a força Criativa Destrutiva agiu principalmente fora da Terra através de impactos de asteroides, ou manchas e tempestades solares que alteraram o clima da Terra, destruindo aquelas espécies menos aptas e dando oportunidade a outras. Isto justifica para alguns a estender a visão teológica cristã de que o Criador é um poder transcendente, separado de Sua Criação.

Mas estes são métodos cruéis dos quais a força Criativa Destrutiva se cansou. Então ‘ele’ entrou no lado esquerdo do cérebro humano e procurou usar a humanidade como seu instrumento de criação e transformação na Terra, um evento descrito no Antigo Testamento no momento que Eva e Adão comeram o fruto da Árvore do Conhecimento, o qual ocorreu na história quando a humanidade aprendeu a manusear o fogo – o grande elemento destrutivo e transformador – ao invés de apenas temê-lo como os outros animais.

Mas os seres humanos, como toda espécie, ainda está limitada ao equilíbrio existente por nossos poderosos instintos; o poder da Criação então teve que lutar cada polegada para ampliar seu poder sobre a mente humana e alienar a humanidade de suas tendências instintivas essencialmente conservadoras.

A luta cósmica dialética então entrou na mente humana, onde então tornou-se um microcosmo do Universo, expresso nessa velha frase sábia: "se você quer entender a alma humana, estude o Universo; se você quer entender o Universo, estude a alma humana".

Os sacerdotes das antigas civilizações neolíticas estavam conscientes destas duas forças dentro da mente humana e procuravam preservar a liberdade de ação humana pela manutenção delas em equilíbrio com panteões politeístas, nos quais deuses engenhosos e guerreiros estavam equilibrados por deuses e deusas da fertilidade.

Os primeiros podiam ser invocados em tempos de guerra ou para ordenar o meio social, os segundos em tempos de paz para garantir a fertilidade das plantações e animais.

Entretanto, por volta de 3500 anos atrás, a mudança climática tornou mais difícil para algumas tribos nômades continuar com suas vidas pastoris nos planaltos da Ásia Central. Alguns de seus sacerdotes e xamãs propuseram um culto exclusivo de seus deuses guerreiros para torna-los mais eficientes na guerra do que as civilizações agrarias que apenas cultuavam os deuses guerreiros intermitentemente.

Então os Arianos desceram e conquistaram a fértil Índia, os Medos o que hoje é o Irã, os Aqueus e depois os Dórios o que hoje é a Grécia e Ásia Menor, os cultuadores dos Aesir liderados por Odin a Germânia e a Escandinávia e as tribos de Israel a Palestina. Ao invés de fazerem suas leis serem aceitas pelos povos conquistados, de quem eles dependiam para se alimentarem, os conquistadores permitiram que estes mantivessem seus cultos às divindades da fertilidade, o que os tornaram proficientes na agricultura.

Em seu curso, mitologias sincréticas apareceram na Índia, Mesopotâmia, Grécia e Norte da Europa, nas quais os deuses dos conquistadores casaram ou se tronaram pais ou irmãos de suas deusas da fertilidade subjugadas.

Apenas os Medos e os Persas permaneceram realmente monoteístas patriarcais sob a influencia de Zaratrustra e eles em troca influenciaram os sacerdotes Judeus após a conquista da Babilônia por Ciro. Quando eles retornaram à Judéia, eles atribuíram os mandamentos do monoteísmo a Moisés, o líder que conduziu as 12 tribos para fora do Egito, 600 anos antes. Talvez ele tenha promulgado primeiramente os Dez Mandamentos – historiadores estão divididos se ele sequer era real ou uma figura mitológica – mas se fez houve um monte de recaídas no politeísmo pelos Judeus após sua conquista de Canaã e no tempo de Jeremias, YHVH tinha uma noiva: a deusa canaanita da fertilidade Asherah. Ela sobreviveu no esotérico Zohar e na Shekinah com quem o Matrimônio Sagrado com YHVH os Judeus ortodoxos celebram toda noite no início do Shabbat.

Quando o Cristianismo monoteísta tornou-se a religião oficial do Império Romano e então espalhou-se para o Norte, para a Germânia e Escandinávia, bispos e missionários cristãos fizeram outra tentativa de erradicar o culto à Natureza e outros deuses e deusas que não YHVH, os declarando falsos deuses ou mesmo demônios.[4]

Na Germânia, o missionário Bonifácio teve a intenção de derrubar todas as árvores que simbolizavam a Árvore Sagrada do Mundo, Yggdrasil, dos Germanos, onde quer que ele fosse. Mas diante da resistência popular a Igreja foi novamente forçada a comprometer e sincretizar.

A Deusa Ísis, que absorveu todas as deusas do Império Romano nEla, foi originalmente chamada de demônio pela Igreja e seus templos fechados, mas diante da necessidade popular de um objeto feminino de culto, a Igreja Católica promoveu a Virgem Maria a "Mãe de Deus e Rainha dos Céus", enquanto as igrejas ortodoxas tem Santa Sophia, o Espirito da Sabedoria, que corresponde à Judaica Shekinah e à Hindu Sarasvati.

Bem abaixo na hierarquia, os gênios locais, que guardavam poços sagrados onde as pessoas podiam ser curadas, tornaram-se os santos dos Católicos e Ortodoxos. Então outra "purificação" de culto monoteísta teve inicio e esta foi a mensagem de Mohamed aos Árabes, que então espalhou-se em todos os países que eles conquistaram nos séculos 7 e 8. O Corão os fez respeitar os outros cultos monoteístas, dos Cristãos e Judeus, mas não aos politeístas cultuadores da Natureza.

Há 500 anos atrás a Reforma Protestante expulsou Maria e todos os santos de seus cultos, o que então os tornou totalmente patriarcal e monoteísta. Eles dominaram o Norte da Europa, Bretanha e os territórios que falam inglês, na América do Norte e Austrália. Finalmente, durante o século 18 filósofos lançaram dúvida se havia algum Deus Pai pessoal e afirmavam por outro lado numa força da Razão impessoal, como filósofos ateístas, como Richard Dawkis fazem até hoje.

As Razões da Intolerância do Deus Criador

Por que uma força cósmica da Criação procuraria se tornar o único deus da humanidade e se regozijaria em ver seus adoradores destruírem todas as formas de culto à Natureza, onde quer que eles tinham poder para fazê-lo?

Porque esta força queria usar o Homem como seu instrumento de auto-compreensão e criatividade em transformar seu meio ambiente conforme os planos que esta força o ajudou a formular em sua mente. Mas o culto à Natureza age como um poderoso freio na vontade humana em mudar seu meio ambiente.

Não se pode construir casas, templos ou pontes de madeira sem cortar um grande número de árvores vivas: isto é mais difícil quando os seres humanos as reconhecem como seres vivos, filhas amigas da Grande Mãe Terra, habitadas por espíritos elementais. Não se pode construir escritórios, pontes ou estradas de ferro ou aço sem pilhar muito do solo para minerar o carvão e o ferro debaixo dele.

Então, alienando os seres humanos de seu meio ambiente, os fazendo olhar para os demais seres vivos mais como "coisas" e matéria prima do que irmãos e irmãs, era um pré-requisito essencial para fazê-los servos laboriais da força da Criação. Desenvolvendo as classes e os negócios modernos, estendendo essa atitude a seus colaboradores que são chamados de "grupos de trabalho", apenas um fator de muitos na produção.

Identidade e Guerra Seres humanos podem ser alienados de seu meio ambiente através de um forte senso de identidade individual e tribal centrados em seus cérebros, entre e atrás de seus olhos. Nada fomenta e fortalece este senso de identidade separada mais do que a guerra, quando você precisa matar antes que te matem e você somente pode fazer isso sendo fortemente centrado em seu próprio corpo, tempo e espaço.

Então o Deus da Criação é também o Eterno Senhor dos Exércitos. A maior parte dos povos monoteístas foram mais bem sucedidos sendo militarmente agressivos. Fomentadores de guerras também tem em todas culturas uma grande vontade em adaptar e aceitar novas invenções para sobreviver, com isso contribuindo para acelerar a evolução tecnológica humana que a força da Criação Destrutiva promove. Tribos e nações só podem ser vencedores na guerras se seus homens estiverem prontos para morrer por sua tribo ou nação e podem então serem treinados a obedecer seus reis e comandantes sem questionamento. O mesmo vale para as grandes obras da humanidade – como as pirâmides, templos, catedrais – as quais exigem muito trabalho doméstico duro, por um grande número de trabalhadores. Sociedades criativas monoteístas são então fortemente hierarquizadas e autoritárias.

Degradando a Mulher e a Satisfação Sexual

É muito mais difícil alienar a Mulher de seus sentimentos instintivos, uma vez que elas carregam crianças em seus ventres por nove meses e então os criam por anos até que eles estejam fortes o suficiente para reagirem por si mesmos. Nem seria desejável, uma vez que a descendência exige o amor de suas mães para crescerem saudáveis e fortes. Mas os homens, cujo papel no processo reprodutivo é muito restrita, pode ser alienado mais facilmente e efetivamente, se eles são feitos para cuidarem da mulher e seus sentimentos subjetivos. Por isso os cultuadores da força da Criação são fortemente patriarcais e reservam toda atividade política para os homens. Uma vez que a Natureza programou todos os seres vivos para serem fortemente atraídos pelo sexo oposto[5] e fez a união sexual altamente prazerosa, os homens tiveram que ser ensinados para lembrar este prazer como pecaminoso e vergonhoso. Por isso a forte tendência anti-erótica do Cristianismo e a prática da mutilação do clitóris em muitos países africanos muçulmanos para evitar que as mulheres encontrem qualquer prazer no intercurso sexual.

Frustração Sexual e Agressão Masculina

Entre nossos ancestrais primatas o macho mais forte da tribo reservava todas as fêmeas férteis para ele. A frustração sexual resultante dos outros machos da tribo provocava sentimentos agressivo neles até que um deles estivesse preparado para desafiar e matar o macho alfa para tomar seu lugar. Em sociedades humanas, a frustração sexual resultante dos machos pode ser sublimada em agressões coletivas contra países estrangeiros ou na agressão mais refinada das empresas contra o meio ambiente e concorrentes.[6]

Testando a Teoria

Então esta é a teoria do Panteísmo Dialético. Vamos testar contra a história humana e observação social contemporânea. Não podemos colocar seres humanos em provetas ou garrafas, mas se olharmos para a cultura humana como um todo, perceberemos as diferenças individuais na educação e temperamentos presentes que todos os membros daquela cultura tem em comum, o que depende em nossa amostra pode ser a nacionalidade, língua ou religião.

Não conhecemos uma sociedade pura de culto matriarcal à Deusa na história, mas existem religiões politeístas mais ou menos equilibradas tanto com deuses quanto com deusas ou espíritos protetores, mesmo quando os posteriores estavam em posição subordinada.

Entre estes eu poderia incluir o Catolicismo Romano e o Cristianismo Ortodoxo porque eles conhecem o aspecto feminino divino nas pessoas da Virgem Maria, Santa Sophia e muitas santas. É verdade que estritamente de acordo com a teologia Católica, Maria é a "Mãe de Deus e Rainha dos Céus", mas não uma Deusa. Católicos podem reverenciar, mas não adorar e pedir a ela para intervir em beneficio deles com o Filho dela, Jesus Cristo, mas não pedir diretamente em nome dela por milagres.

Mas tente explicar estas diferenças a fazendeiros do Mediterrâneo ou os habitantes dos Alpes austríacos, onde existem santuários para ela em quase toda a encruzilhada. Como uma teóloga católica admitiu em um seminário: "teologicamente, Maria é apenas a mãe humana de Jesus, mas psicologicamente ela preenche o mesmo papel que a Deus Nuit tinha no antigo Egito".

As únicas religiões puramente patriarcais monoteístas no mundo hoje são o Zoroastrismo, Islamismo, Cristianismo Protestante em suas várias formas e Judaísmo Reformado e Liberal. Se a teoria do Politeísmo Dialético está correta, então sociedades patriarcais monoteístas seriam mais bem sucedidas sendo mais agressivas militarmente, mas também mais curiosas cientificamente e inventivas tecnologicamente do que as sociedades politeístas mais equilibradas. Estes, por outro lado, puderam produzir as melhores artes e musicas, as quais tem tradicionalmente sido promovidas pelas Musas.

As sociedades politeístas mais equilibradas também foram mais permissivas sexualmente e colocaram uma grande ênfase na alegria de viver. Teria isto de fato sido o caso?

Agressão

Há 300 até 3500 anos atras, os patriarcas Arianos conquistaram os politeístas Dravidianos, os patriarcais Medos a Pérsia e depois a Mesopotâmia, os patriarcais Aqueus e Dorianos a Grécia e a Ásia Menor, os patriarcas cultuadores dos Aesir a Germânia e a Escandinávia.

Então eles foram mais militarmente agressivos e bem sucedidos do que as civilizações agrárias politeístas equilibradas que eles conquistaram. De acordo com a Torah Judaica, que é o Antigo Testamento Cristão, as 12 tribos de Israel conquistaram a fértil Canaã politeísta e todas as outras tribos nômades hostis enquanto eles permaneciam fielmente monoteístas a YHVH, mas eles foram conquistados pelos Assírios e depois Babilônicos quando eles começaram a adotar mais o politeísmo cananeu.

Nos séculos 7 e 8 DC, os Árabes monoteístas conquistaram todo o Oriente Médio, Norte da África e mesmo a Espanha dos Católicos e Ortodoxos Cristãos mais equilibrados, os quais o sincretismo incluiu muitos elementos pagãos residuais.

No séculos 5 e 16, os Portugueses e Espanhóis Católicos conquistaram a América[7], muitas partes da África e Indonésia, todas habitadas por politeístas. Mas mais tarde, os mais exclusivamente monoteístas da Inglaterra Protestante arrancaram a América do Norte dos Franceses e Espanhóis Católicos e conquistaram a Índia politeísta e a Alemanha Protestante arrancou a Indonésia dos Portugueses. E o colonialismo Protestante foi muito mais implacável.

Aonde os conquistadores Católicos e Portugueses da América Central e da América do Sul forçosamente converteram seus povos conquistados ao Catolicismo, os colonizadores Protestantes da América do Norte e Austrália mataram a maior parte dos habitantes originais para preparar o terreno para colonos de sua própria raça.

Nos EUA contemporâneo, a Direita Cristã, chefiada principalmente pela Igreja Batista, é proeminente em suas campanhas contra o aborto e em favor da abstinência sexual antes do casamento e monogamia. Seus membros são também os advogados fomentadores de uma política externa militarmente agressiva. Nas décadas recentes, a Igreja Pentecostal Americana enviou missionários para a América Central e Brasil Católicos e tem feito muitas conversões entre a população carente das favelas.[8]

Estes convertidos então começaram a trabalhar mais duro e tronaram-se social e economicamente mais independentes que seus vizinhos que permaneceram praticantes do Catolicismo e Umbanda.

O único exemplo contrário foi a reconquista da Espanha dos Governantes Muçulmanos monoteístas pelos nobres Visigodos Católicos e a guerra de libertação do século 19 dos Gregos, Sérvios e Búlgaros Ortodoxos dos Turcos Otomanos Muçulmanos.

Muito, por uma agressão bem sucedida. Mas e quanto a curiosidade cientifica e inventividade tecnológica? A conquista dos Árabes Muçulmanos do Oriente Médio, Norte da África e Espanha foi seguida de um grande despertar do conhecimento cientifico e literatura, como foi a conquista Mongol da Índia.

Foi apenas nos últimos dois séculos que o Islão tornou-se fossilizado no dogmatismo literário. Mas o maior despertar da descoberta cientifica, inventividade tecnológica e investimento capitalista em indústrias para explora-las teve lugar nos últimos três séculos em países dominantemente Protestantes do Norte da Europa e América do Norte, com contribuições importantes da Diáspora Judaica em seu meio.

Música e Artes

Todos os países e colônias européias produziram igualmente boa literatura. Mas as maiores estórias de amor originaram na Itália e Franca Católicas: do romance de Tristão e Isolda até Abelardo e Heloísa, Romeu e Julieta, Manon Lescaut e Des Grieux[9], a Dama das Camélias e A Vida Boêmia. A maior parte dos países e colônias européias produziram grandes compositores[10], mas a musica clássica, canto e dança tem florescido primariamente em países dominantemente Católicos e Ortodoxos.

Não há equivalente no Norte da Europa Protestante a tradição Andaluzia da dança flamenga ou a cantoria napolitana. A ópera no Norte da Europa é um nicho para uma elite intelectual e musical, mas na Itália é parte da cultura popular, como é a opereta vienense na Áustria.

Muitos compositores que nasceram em países protestantes então foram viver no Sul Católico: Brahms por exemplo. Também é nos países dominantemente Católicos que a culinária é melhor e que há uma grande apreciação da alegria de viver. Ninguém pode provar uma teoria cientifica, apenas pode contestar diante de fatos contrários. A história religiosa dos últimos 3500 anos não contestou a teoria do Panteísmo Dialético até agora.

A Retirada do Monoteísmo Patriarcal

Se o monoteísmo patriarcal foi tão bem sucedido militarmente, tecnologicamente e economicamente, por que tem então tido uma retirada de seus valores nos últimos 50 anos, especialmente no Oeste europeu, onde apenas 11% da população vão a cultos em Igrejas Cristãs?

Os últimos 50 anos teve um crescente movimento contra cultural através do Oeste para aumentar o status social da mulher e ressacralizar o corpo humano e a paixão sexual.

O vestuário de praia tem coberto cada vez menos o corpo humano durante o século 20 e nudez completa tem se tornado mais frequente, especialmente em países de língua alemã.

A expressão sexual de amor mútuo é agora aceito tanto antes quanto dentro e fora do casamento e existem manuais para ajuda aos casais para se darem tanto prazer mútuo quanto possível. Por que?

Porque a Europa passou por duas devastadoras guerras mundiais no século 20, as quais os europeus não querem repetir e nós sentimos consciente ou inconscientemente que elas foram os produtos irracionais da agressividade alimentado pela repressão sexual dos séculos 19 e 20 promovidos pelo monoteísmo patriarcal.

Mas as guerras não são mais a principal ameaça à sobrevivência humana na Terra: muito mais perigoso é a destruição das florestas tropicais e inúmeras espécies de animais e a crescente poluição da Terra produzida pelas industrias.

Ainda: a curiosidade científica e inventividade tecnológica estão ficando fora do controle em nossos laboratórios, com safras geneticamente modificadas, cujos efeitos no meio ambiente e saúde humana são desconhecidas, propostas para gerar computadores heurísticos auto-duplicantes cujo conhecimento e versatilidade pode em seu curso exceder aqueles de seus criadores humanos e os tornando supérfluos para a força Criativa Destrutiva.

Mais e mais europeus e africanos então sentem que é tempo de hesitar: uma vez que cresce o movimento ecológico e partidos políticos Verdes – em uma minoria que vem aumentando – um resgate dos valores pagãos equilibrados e um interesse no politeísmo Hindu e religiões do Neolítico da Grande Mãe Terra, Deusa da Lua e Amor da antiguidade.

O Deus Criador Ainda Está Forte

O efeito desse declínio do culto cristão não deve ser exagerado.

Nós sabemos que a força da Criação Destrutiva não se importa sequer se é chamada de Shiva, YHVH, Deus Pai ou Allah, nem se é chamada de: Razão (com R maiúsculo, como teologistas iluminados e filósofos ateístas fazem), História (com H maiúsculo, como os marxistas fizeram) ou o Mercado.

Poucas, se alguma catedral, são construídas no Oeste europeu e América do Norte contemporâneos, mas vários arranha-céus comerciais, como as catedrais medievais procuravam pelo céu e longe da terra desprezada. Enquanto homens e mulheres trabalham cinco dias por semana e mais de 10 horas por dia[11] em pesquisas científicas, plataformas de extração de petróleo, fábricas, comércio ou administração, a força Criadora Destrutiva que eles servem não se importa se eles não vão à sinagoga no Sábado ou a igreja no Domingo.

Mas nos EUA, onde 70% das pessoas ainda vão regularmente à igreja, sinagoga ou mesquita, é mito mais dinâmico economicamente e muito mais agressivo militarmente do que a Europa vastamente descristianizada. E o Mercado (a forma atual da força Criativa Destruidora) está reagindo. Ele tenta cooptar o movimento feminista direcionando-o para lutar por direitos iguais para as mulheres, para torna-las tão alienadas da Natureza quanto os homens, para trabalhar com eles em pesquisas científicas e estimula-las em carreiras executivas, ao invés de lutar por igualdade ou maior dignidade na criação das famílias. Ele então desencoraja as mulheres com melhor educação e liberais de terem filhos, então deixando o crescimento e educação de futuras gerações para fundamentalistas Protestantes e Muçulmanos e aos pobres ignorantes.

O Mercado está também tentando resgatar a tradição monoteísta de vergonha e desgosto pela paixão sexual, pela promoção de publicações pornográficas de formas ainda mais degradadas de desvios sexuais. Esta reação do Mercado é mais forte nos EUA onde a Direita Cristã defende os valores do monoteísmo patriarcal em uma moda descompromissada.

Significativamente 70% dos americanos ainda vão à igreja nos Domingos , filmes e programas de tevê são muito mais reticentes do que na Europa em mostrar cenas de nudez, mas muito mais voluntarioso em glorificar a violência. O Presidente Metodista Renascido Bush apoia a caridade religiosa que prega a abstinência sexual, opõe-se a qualquer limite estatutário ao consumo americano dos escassos recursos minerais e na poluição do meio ambiente e está mantendo a política externa mais agressiva do que de qualquer outro Presidente americano. As seitas mais extremistas milenaristas da Direita Cristã até procuram avançar para o fim da vida psíquica humana na terra, o que poderia limpar o terreno para a força Criadora Destrutiva começar um novo ciclo da Evolução em uma direção diferente[12].

Implicações Para o Movimento Pagão

Muitas vertentes do Movimento Pagão tem ignorado o Deus Judaico-Cristão da Criação durante os últimos 50 anos e o tratou como um "falso deus", uma forma-pensamento humana criada por Moisés e reforçada pelo profetas subsequentes, da mesma forma que a Igreja Cristã tratou os deuses pagãos.

Cultos baseados na polaridade como a Wicca tem preferido dar à nossa Deusa Mãe Terra o Deus de Chifres do Neolítico como Filho e Consorte. Mas enquanto o Deus de Chifres pode nos ajudar a nos tornar amantes e pais sensíveis, Ele não pode nos ajudar a dar sentido aos nossos trabalhos em uma crescente sociedade tecnologicamente complexa.

Por isso a tendência de muitos pagãos de deixarem seus trabalhos em indústrias ou comércio e com isso se reduzem a uma riqueza e política irrelevantes. Está no tempo de nós reconhecermos que a força Criadora Destrutiva é imanente no lado esquerdo de nosso cérebro, como é nos Judeus, Cristãos e Ateus.

Nós devemos lutar para entender e dar uso pleno de seus poderes de criatividade tecnológica e ambição em nossas vidas profissionais, mas nós deveremos então usar estes poderes para defender o equilíbrio ecológico na Terra ao invés de destrui-lo e subordinar a força Criadora Destrutiva dentro de nós para a Deusa do Amor e Conservação em um sincero Matrimônio Sagrado.

[1] Apesar da tolerância da Igreja Católica à veneração popular da Virgem Maria e santos, teologicamente eram diminuídos a meros ajudantes da Santíssima Trindade.

[2] Essa visão antagonista vem principalmente dos textos de autoria atribuída a Paulo de Tarso.

[3] A memória genética estaria no mesmo princípio.

[4] Essa violação de cultura e religião local ainda continua nos campos missionários, perpetuados por grupos evangélicos em vários países.

[5] Evidentemente, animais cuja evolução resultou em uma diferenciação entre os gêneros.

[6] No Brasil, a forma mais usual de compensação e sublimação dessa frustração sexual vem de eventos catárquicos, como partidas de futebol e cultos evangélicos.

[7] América Central e América do Sul.

[8] A presença de grupos pentecostais ou neo-pentecostais nas favelas é diretamente proporcional ao baixo nível econômico e educacional dessa população.

[9] Opera de Puccini.

[10] Existe, ao menos no Brasil, uma indústria crescente de música "gospel".

[11] A realidade trabalhista do brasileiro é bem pior que isto.

[12] Isto pode ser claramente percebido nas mensagens escatológicas de fundamentalistas pentecostais, todas sempre se referindo a "um fogo abrasador que irá purificar toda a Terra".

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