sábado, 14 de julho de 2007

Natal

A história do Natal começa, na verdade, pelo menos 7 mil anos antes do nascimento de Jesus.

É tão antiga quanto a civilização e tem um motivo bem prático: celebrar o solstício de inverno, a noite mais longa do ano no hemisfério norte, que acontece no final de Dezembro.

Dessa madrugada em diante, o sol fica cada vez mais tempo no céu, até o auge do verão. É o ponto de virada das trevas para luz: o "renascimento" do Sol.

Num tempo em que o homem deixava de ser um caçador errante e começava a dominar a agricultura, a volta dos dias mais longos significava a certeza de colheitas no ano seguinte.

E então era só festa. Na Mesopotâmia, a celebração durava 12 dias. Já os gregos aproveitavam o solstício para cultuar Dionísio, o deus do vinho e da vida mansa, enquanto os egípcios relembravam a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Na China, as homenagens eram (e ainda são) para o símbolo do yin-yang, que representa a harmonia da natureza. Até povos antigos da Grã-Bretanha, mais primitivos que seus contemporâneos do Oriente, comemoravam: o forrobodó era em volta de Stonehenge, monumento que começou a ser erguido em 3100 a.C. para marcar a trajetória do Sol ao longo do ano.

No ano 245 d.C., o teólogo Orígenes repudiava a ideia de se festejar o nascimento de Jesus "como se fosse um Faraó". De acordo com almanaque romano, a festa já era celebrada em Roma no ano 336 d.C.. Na parte Oriental do Império Romano, comemorava-se em 7 de Janeiro o seu nascimento quando do seu batismo, em virtude de não ter aceito o Calendário Gregoriano. No Século IV, as igrejas Ocidentais passaram a adotar o dia 25 de Dezembro, e o dia 6 de Janeiro para Epifania (que significa "manifestação"). Nesse dia comemora-se a visita dos Magos. A celebração do Natal de Jesus foi instituída oficialmente pelo bispo romano Libério, no ano 354 d.c..

Na realidade, a data de 25 de Dezembro não é a data real do nascimento de Jesus. A Igreja entendeu que devia cristianizar as festividades pagãs que os vários povos celebravam por altura do Solstício de Inverno. Foi por isso que, segundo certos eruditos, o dia 25 de Dezembro foi adotado para que a data coincidisse com a festividade romana dedicada ao "nascimento do deus Sol invencível", que comemorava o Solstício do Inverno. No mundo romano, a Saturnália, festividade em honra ao deus Saturno, era comemorada em 17 a 22 de Dezembro, era um período de alegria e troca de presentes. O dia 25 de Dezembro era tido também como o do nascimento do misterioso deus persa Mitra, o Sol da Virtude. Assim, em vez de proibir as festividades pagãs, forneceu-lhes simbolismos cristãos e uma nova linguagem cristã.

As alusões dos padres da igreja ao simbolismo de Cristo como "o Sol de justiça" e a "luz do mundo" expressam o sincretismo religioso. As evidências confirmam que num esforço de converter pagãos, os líderes religiosos adotaram a festa que era celebrada pelos romanos, "nascimento do deus Sol invencível" (Natalis Invistis Solis) e tentaram fazê-la parecer “cristã”.

Para certas correntes místicas como o Gnosticismo, a data é perfeitamente adequada para simbolizar o Natal, por considerarem que o Sol é a morada do Cristo Cósmico. Segundo esse princípio, em tese o Natal do hemisfério sul deveria ser celebrado em Junho.

O personagem Papai Noel foi inspirado em São Nicolau Taumaturgo, Arcebispo de Mira, no século IV. Nicolau costumava ajudar, anonimamente, quem estivesse em dificuldades financeiras. Colocava o saco com moedas de ouro a ser ofertado na chaminé das casas. Foi declarado santo depois que muitos milagres lhe foram atribuídos. Sua transformação em símbolo natalino aconteceu na Alemanha e daí correu o mundo até chegar ao Brasil. As renas são um acréscimo posterior ao personagem, com as estórias natalinas que vieram ao Novo Continente com os colonos ingleses que fugiam da perseguição e falta de liberdade religiosa no Velho Continente.

Em algum ponto do sincretismo religioso ocorrido na Europa misturou-se a figura de São Nicolau com a figura do Rei Azevinho, que vinha na época de Yule (22 de Dezembro), acompanhado de um grupo de corços sagrados, trazendo o Inverno com a promessa do retorno do Verão em sua guirlanda de visco.

A árvore de natal também tem suas origens no paganismo. Segundo uma fábula babilônica, um pinheiro renasceu de um antigo tronco morto. O novo pinheiro simbolizava que Ninrode tinha vindo a viver novamente em Tamuz. Entre os druidas o carvalho era sagrado. Entre os egípcios era a palmeira, e em Roma era o abeto, que era decorado com cerejas negras durante a Saturnália. O deus escandinavo Odim era crido como um que dava presentes especiais na época de natal àqueles que se aproximassem de seu abeto sagrado. Entre as várias versões sobre a procedência da árvore de Natal, a maioria delas indicando a Alemanha como país de origem, a mais aceita atribui a novidade ao padre Martinho Lutero, autor da Reforma Protestante do século XVI. Ele montou um pinheiro enfeitado com velas em sua casa. Queria, assim, mostrar as crianças como deveria ser o céu na noite do nascimento de Cristo.

Na Roma Antiga, os Romanos penduravam máscaras de Baco em pinheiros para comemorar uma festa chamada de "Saturnália", que coincidia com o nosso Natal. A Guirlanda, dentre os costumes pagãos, havia o de presentear as pessoas com ramos verdes, nas festas do Ano Novo, em Janeiro. Cria-se que carregando os ramos para dentro de casa, estariam trazendo as bênçãos da natureza, pois, "para os pagãos, a natureza é portadora de espíritos e divindades". 

Os arranjos com folhagens nasceram com a superstição de que heras, pinheiro, azevinho e outras plantas ofereciam proteção, no inverno, contra bruxas e demônios. Seus ramos eram usados para afugentar a má-sorte. Representa a mandala, um diagrama em círculo lembrando que a nossa vida é um ciclo de nascimento e morte. Simbolizando a vida eterna e a paz, a guirlanda está presente na decoração natalina atual. Diz antiga lenda que se as pessoas passarem sob ela atrairão sorte para si.

O azevinho é a árvore mais usada para a confecção de árvores de natal. Também, é tida como a madeira mais poderosa na feitiçaria. Era exigida pelos bruxos e feiticeiros para fazerem suas varinhas mágicas. Veja a citação: “Na antiga feitiçaria, a madeira mais poderosa para um feiticeiro ou bruxo fazer sua varinha de condão era do arbusto de azevinho. Assim, os mágicos mais poderosos sempre usaram uma varinha mágica de azevinheiro. O azevinho, ou azevinheiro é uma árvore pequena; a madeira dessa árvore é utilizada na fabricação de bengalas, cabos de ferramentas, figas e amuletos”.

O visco é uma erva considerada sagrada pelos druidas. Sua coloração vermelha mesmo em tempo de inverno rigoroso recorda o vigor e a vitalidade do Rei Azevinho, um personagem da Roda do Ano que é uma manifestação do Deus Chifrudo. Entre os celtas, era costume fazer guirlandas de visco aos chefes, reis e vitoriosos em batalha, como faziam os gregos e romanos com o louro. Detalhe curioso é que boa parte deste texto foi obtido em páginas escritas por fundamentalistas cristãos que esquecem que sua denominação (o Protestantismo) fez e estava presente durante a história da invenção do Natal e que aqui no Brasil esta festa veio para cá graças ao sucesso da mesma entre os colonos protestantes que se estabeleceram nos EUA.

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