sexta-feira, 13 de julho de 2007

Amor: palavra ou sentimento

Nós somos uma raça complicada. Nunca em toda a nossa curta história (só 1 milhão de aninhos...rsss!) se falou, escreveu, pintou e esculpiu tanto a respeito do Amor. Em nossa volta, vemos templos e mais templos, das mais variadas vertentes derramando reverência ao Amor. Ouvimos diversos sacerdotes do quanto nossos Deuses e Deusas (ou Deus, caso o leitor seja monoteísta) nos amam e nos querem bem. Diversas instituições filantrópicas se desdobram em cuidados com crianças, deficientes e velhos em nome do Amor. Temos até um Dia dos Namorados (que por sinal é hoje, parabéns aos enamorados!). Como este ano teremos eleições federais e estaduais, haja paciência para aguentar as mesmas raposas fingindo ter algum amor pela comunidade.
Mas (sempre há um mas) como exprimimos o Amor? Temos tantas leis e os chamados Direitos Universais dos Direitos Humanos, mas não há uma linhazinha sequer sobre o Amor ou como se deve senti-lo ou exprimi-lo. Fazer arte, dar presentes, elogiar, agradar...tudo muito bom, mas são coisas e palavras, não são sentimentos. Nós somos livres para exprimir o quanto amamos alguém, em diversos níveis de amor (desde o amigável, paternal, até o intimo, erótico), indistintamente, a despeito de diferenças ou fronteiras, tabus sociais? Eu sou pagão, tenho orgulho de ter uma sensibilidade saudável quanto ao Amor, é impossível para mim olhar para uma mulher e não ama-la. Mas o que temos? Não, não há liberdade, existe um verdadeiro fosso entre as pessoas.
O que mais se fala em revistas de fofocas? Qual artista está namorando quem, deixando quem, traindo quem...e a vida particular dele/dela, onde fica? O que mais se fala em páginas policiais? Filhos e pais se matando e um verdadeiro circo montado em torno da Suzane. O que mais se fala em turminha de (pequenos) machos? Quem é a mais gostosa, quem é o mais garanhão, quem vai faturar quem. O que mais se fala em programas evangélicos? Que o homossexualismo é doença ou coisa de Satanás. Qual tipo de revista mais cresce no Brasil? Revista "adulta" masculina, ou como meu bom e saudoso pai falava: igual ao frango assando no forno com vidraça: televisão de cachorro, vê pra passar fome, pois nunca vai poder comer. Isso em pleno século XXI, ainda consideramos a mulher um mero naco de carne a ser servida em nossa cama. Nada contra a saudável nudez artística das mulheres, eu mesmo posso me considerar um consumidor da indústria erótica. Considero uma boa oportunidade para adorar as muitas imagens e templos da Deusa existentes nesse nosso mundo. O que incluiria uma extensa obra social de inclusão e acompanhamento das ditas "profissionais do sexo", elas são as maiores vítimas, sempre sendo discriminadas, mas sempre procuradas até por quem as destrata.
Experimente, se você for casado como eu, dizer a uma mulher que a acha linda e gostaria de sair com ela, ou então, se você for um garotão e dizer a uma mulher casada o mesmo. Vão nos olhar com desprezo, nojo, como se tivéssemos alguma doença grave. Eu não quero dizer que as mulheres devem ser "fáceis", mas ao menos que tenham humor e sejam mais acessíveis. Não existe esse tabu do adultério. Ter mais de uma pessoa para compartilhar amor, desejo e prazer não é promiscuidade (se souber dosar e selecionar), ter mais de um parceiro/a não significa abandonar o outro/a(s). Amar é também cuidar, dar carinho, por igual, ter respeito e ter responsabilidade. Quem tem múltiplos parceiros tem uma vida sexual mais saudável que muitos casais monogâmicos, começando pela saúde e pelo uso de preservativos (pílulas também).
Se houvesse realmente o sentimento de Amor na humanidade, se soubéssemos realmente sentir e manifesta-lo, teríamos uma sociedade menos recalcada, complexada e neurótica, teriam menos necessidade da existência de prostíbulos ou de clubes de swing. Que tal então, acabar com o monstro que tornou o Amor seco e o sexo feio para podermos viver uma vida (pagã) mais saudável?

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