Eu tenho percebido certo desencanto e abandono de escritores
pagãos dos meios de publicação e divulgação de textos na internet.
Eu pressinto que o tema deste blogue também está esgotado e
cumpriu sua missão de descrever minha jornada. Diante de uma escassa plateia de
leitores, eu me questiono da relevância em continuar a escrever.
Então é momento de matar este blogue falando de meu maior
pecado: academicismo.
Existem sete “pecados” da educação: domesticação, repetição,
teorização, burocratização, improvisação, academicismo, elitização. Quando eu
coloco estes conceitos em minha jornada e nos textos deste blogue, eu cometi
todos esses pecados.
Eu cometi o pecado da domesticação quando eu reafirmava os
mais básico dos princípios e valores do Paganismo, da Bruxaria e Wicca tradicionais.
Eu cometi o pecado da repetição quando eu reafirmava a
importância da tradição, do treinamento e iniciação formais.
Eu cometi o pecado da teorização quando eu reafirmava as informações
com embasamento histórico, etnológico e antropológico.
Eu cometi o pecado da burocratização quando eu reafirmava a
necessidade de uma linhagem e de um atestado [vouch] para que alguém pudesse se
aclamar bruxo ou sacerdote.
Eu cometi o pecado da improvisação quando eu fiz minhas
práticas e rituais.
Eu cometi o pecado da elitização quando eu reafirmava todas
as anteriores contra a popularização e massificação do que eu chamo de Wilka
S/A.
Eu deixei o academicismo por ultimo por que me é o mais
doído, especialmente quando eu tenho que enfrentar pessoas que, supostamente,
são meus iguais, mas assim não me reconhecem, porque sofrem do mesmo pecado.
Um pensador, um pesquisador, um escritor, um pagão, um bruxo
e um sacerdote jamais devem cair nesse pecado. Nós temos a obrigação de manter
nosso senso crítico, mesmo diante de uma obra de um autor incensado pela
Academia. Mesmo os maiores pensadores falaram bobagem e continuará a ser
bobagem, por mais incensados que sejam pela Academia.
Em meu outro blogue, eu fiz um bom resumo que mostra o que é
o pecado do academicismo:
“Alguns acadêmicos, professores, especialistas e doutores,
que ainda pensam que o conhecimento é um privilégio e monopólio de poucos, tem
a reação esperada diante do fim da ilusão de estarem em um pedestal onde,
vestidos com os louros do conhecimento, acreditam ser incontestáveis e
infalíveis. Eu confesso que por muitos anos eu tive esse falso orgulho,
arrogância e prepotência.”
Aqui mesmo eu publiquei um texto falando que existem
diversas formas de conhecimento e inegavelmente quando falamos em Paganismo,
Bruxaria e Wicca, existe um imenso universo de conhecimento a ser explorado nas
miríades de práticas e experiências, tanto de indivíduos, quanto de grupos.
Eu devo fazer a mesma pergunta que Niki Whiting: o que é que
eu sei, mesmo?
Eu espero conseguir descobrir, estudando, praticando e
buscando aprimorar meu vínculo com meus ancestrais e Deuses.
A todos vocês, curiosos, interessados e simpatizantes do
Paganismo, Bruxaria e Wicca:
Boa sorte e boa jornada.
4 comentários:
Parece- me que este é o verdadeiro começo. Uma nova fase na evolução pessoal em todos os planos. Parece- me que a dúvida é a ponta do iceberg. Continue estudando. Continue escrevendo. Considere que muitos estão blindados pelo medo de se expor, mas as tuas palavras os confortam. Você tem feito tudo mais do que certo. Não quebre a corrente.
Agradeço as gentis palavras, Leonardo, mas a decisão foi longamente refletida. Este jornal cessa, mas minha jornada continua, em silêncio.
grato pelo belo material até aqui compartilhado neste blog!
Parece que você parou de postar, mas se ainda houver interesse posso sugeri temas das quais eu me interesso mas pouco entendo.
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